Você cancelou alguma assinatura de streaming nos últimos meses? O fenômeno do assinante nômade, que troca de serviço de streaming como quem troca de roupa, está se tornando uma pedra no sapato da indústria do entretenimento. Segundo o New York Times, mais de 29 milhões de americanos cancelaram três ou mais serviços de streaming nos últimos dois anos.
Esse padrão, segundo dados da Antenna, empresa de pesquisa especializada em assinaturas, sugere que, embora a liberdade de escolha seja atraente, há um certo ciclo de dependência nas ofertas de conteúdo.
Para combater essa rotatividade, gigantes como Disney e NBCUniversal estão adotando estratégias de longo prazo, como a combinação de múltiplos serviços em pacotes, uma espécie de revival dos antigos pacotes de TV a cabo.
Relação entre assinante nômade e flexibilidade de mercado
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A possibilidade de cancelar ou aderir a um novo serviço com apenas um clique é irresistível para quem busca variedade e controle sobre o que consome. No entanto, essa liberdade tem consequências.
As empresas do setor, como Paramount e Warner Bros. Discovery, estão enfrentando desafios para migrar dos lucros estáveis da TV a cabo para um mercado de streaming menos lucrativo.
O caso da Peacock, da NBCUniversal, que registrou um prejuízo de US$ 2,8 bilhões em 2023, é emblemático dos riscos desse novo cenário. Diante dessa realidade, as empresas têm cortado investimentos em programação e, ao mesmo tempo, aumentado os preços dos serviços, numa tentativa de equilibrar as finanças.
Além disso, para conter a rotatividade, uma estratégia sugerida pelos executivos é reintroduzir pacotes combinados de streaming, acreditando que os consumidores serão menos propensos a cancelar múltiplos serviços simultaneamente.
Nos Estados Unidos, essa tática já mostrou resultados positivos para a Disney, que teve sucesso ao combinar Disney+, Hulu e ESPN+ em um único pacote.
‘Obesidade mental’: o excesso de conteúdo à disposição
Com tantas opções de serviços e uma infinidade de séries, filmes e documentários disponíveis, o consumidor acaba sobrecarregado.
Adicionalmente, a pressão social para “estar em dia” com as últimas estreias cria uma cobrança excessiva, transformando o ato de assistir TV em mais uma tarefa da lista.
Além disso, a quantidade de assinaturas e plataformas disponíveis não só fragmenta a experiência de entretenimento, mas também dilui a atenção.
O resultado? Uma sensação constante de que sempre há algo melhor para assistir, o que alimenta a necessidade de experimentar diferentes serviços sem nunca se comprometer de fato com nenhum.
O mercado reage ao comportamento do assinante nômade
Para se adaptar a essa realidade, empresas como Disney e Apple TV estão adotando novas abordagens. Uma delas é o envio de notificações sobre novidades exclusivas ou lançamentos que “em breve” estarão disponíveis.
A ideia é manter o interesse do assinante nômade e evitar que ele cancele o serviço. Outra tática é oferecer promoções especiais, como fez o Peacock ao reduzir o preço de seu plano anual pela metade antes de transmitir um jogo importante.
Enfim, essas estratégias mostram que o mercado está se movendo para conter a rotatividade e fidelizar o assinante.