É oficial: estudo de Oxford comprova que álcool acelera o envelhecimento

Muito cuidado ao ingerir álcool! Estudo da Universidade de Oxford indica como o consumo excessivo prejudica nosso envelhecer.



O consumo excessivo de álcool é amplamente conhecido por seus riscos à saúde, como doenças hepáticas e cardiovasculares. No entanto, os efeitos específicos sobre o envelhecimento biológico permaneciam menos claros até agora.

Um estudo da Universidade de Oxford, publicado na revista Molecular Psychiatry, utilizou métodos inovadores de análise genética para investigar essa questão.

A pesquisa focou em mais de 245 mil britânicos, analisando o impacto do álcool nos telômeros, que são estruturas essenciais para a proteção dos cromossomos. Os telômeros são necessários para a preservação da integridade genética e, portanto, para a longevidade celular.

Conforme o endocrinologista Mario Carra, em entrevista ao jornal O Globo:

“O telômero é responsável pela preservação e duração de vida do gene. Se esse telômero diminui com o tempo, você tem menos vitalidade do gene.”

Telômeros e consumo de álcool

A pesquisa utilizou a técnica de randomização mendeliana (RM) para examinar a relação causal entre o consumo de álcool e o encurtamento dos telômeros. A RM é um método que usa variações genéticas conhecidas para identificar vínculos causais entre fatores de risco e consequências de saúde.

Nesse caso, foram analisados 93 genes relacionados ao consumo de álcool e 24 associados a transtornos alcoólicos. Os leucócitos, células do sistema imunológico, foram utilizados para a análise do DNA dos telômeros.

Os achados mostraram que indivíduos que consumiam cerca de dez taças de vinho por semana apresentavam um envelhecimento biológico de um a dois anos superior aos daqueles que consumiam apenas duas taças. Mario Carra enfatiza:

“A capacidade de afetar o gene aumenta de acordo com o excesso e afeta a expectativa de vida da pessoa.”

Além disso, pessoas com predisposição genética ao consumo elevado de álcool apresentaram um ritmo de envelhecimento ainda mais acentuado, de três a seis anos.

Oxidação e envelhecimento

O estudo também sugere que o aumento do estresse oxidativo, decorrente da metabolização do etanol, é um possível mecanismo pelo qual o álcool afeta os telômeros.

Richard Piper, diretor executivo do Alcohol Change UK, destacou a relevância das descobertas:

“Este estudo mostra ligações claras entre o consumo de álcool e o envelhecimento, e aponta para uma possível ligação entre o álcool e a doença de Alzheimer.”

A boa notícia, segundo os pesquisadores, é que os efeitos adversos nos telômeros foram observados apenas entre aqueles que bebiam mais de 17 unidades de álcool por semana, o que corresponde a menos de seis taças de vinho.

A líder do estudo, Anya Topiwala, afirmou:

“Nossos resultados fornecem outra informação para médicos e pacientes que buscam reduzir os efeitos nocivos do excesso de álcool. Que a dose de álcool é importante.”

Consumir álcool: só se for com (muita) moderação

Apenas 3% dos britânicos participantes nunca haviam bebido, enquanto apenas 4% relataram ter parado de consumir a substância. Nesses grupos, não foram observados impactos negativos nos telômeros.

Por causa disso, Anya Topiwala acrescenta que “reduzir o consumo de álcool pode trazer benefícios”. Com os dados coletados, espera-se que mais pessoas repensem seus hábitos de consumo e considerem as implicações de longo prazo para o envelhecimento biológico.




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