Já imaginou um dia sem Facebook, Instagram ou YouTube? Para os moradores do Turcomenistão, essa é a realidade cotidiana. No país, o acesso às redes sociais é totalmente bloqueado pelo governo, que controla quase toda a internet.
Byashim Ishanguliyev, um jovem vendedor de frutas, descreve a situação: “Sabemos da existência dessas plataformas, mas tudo está bloqueado aqui”. A tentativa de contornar essas proibições por meio de VPNs é uma corrida constante, já que esses serviços também são rapidamente bloqueados.
Países sem redes sociais
No Turcomenistão, a mídia é dominada pelo Estado. Todos os meios de comunicação divulgam apenas informações oficiais, com ênfase nas atividades e elogios ao presidente.
Ruslan Miatiev, editor do site de notícias Turkmennews, proibido no país, resume:
“Não existe um cenário midiático. É apenas propaganda para promover o culto à personalidade dos Berdymukhamedov”.
Dessa forma, a população é forçada a assistir a programas que enaltecem o presidente e seu pai, Gurbanguly Berdymujamedov, o “herói protetor” da nação. Yusup Bakhshiyev, um funcionário público de 38 anos, compartilha sua frustração com a televisão turcomena:
“É muito chata e pouco informativa, sempre os mesmos programas repetidos”.
A tentativa de acessar canais estrangeiros via satélite foi frustrada quando funcionários da prefeitura mandaram retirar sua antena, alegando que prejudicava a arquitetura da cidade. Agora, ele assiste à televisão a cabo, também controlada pelo estado.
Uma prática antiga
Foto: Shutterstock
O controle rígido sobre a internet faz parte de uma política maior do governo para manter a população sob vigilância. O presidente Serdar Berdymukhamedov, seguindo os passos de seus antecessores, reforça continuamente as medidas de cibersegurança.
Para substituir as redes sociais ocidentais, o governo criou suas próprias plataformas, como o aplicativo de mensagens Bizbarde e o Belet Video, uma alternativa ao YouTube, livres de conteúdos que possam expor os turcomanos ao mundo exterior. Esses aplicativos são monitorados pelo Estado, garantindo que apenas a propaganda oficial seja difundida.
A repressão no Turcomenistão é tão intensa que a ONG Freedom House classifica o país como um dos piores em termos de liberdades civis e políticas. Com uma pontuação de 2 em 100, está atrás até mesmo da Coreia do Norte.
Repórteres Sem Fronteiras também coloca o país entre os últimos no ranking de liberdade de imprensa. Oksana Shumilova, funcionária de uma construtora em Ashgabat, no entanto, aprecia a estabilidade que sente ao ler o jornal oficial, que evita qualquer crítica ou informação negativa sobre o governo.
Nações com restrições
A influenciadora digital Virgínia Fonseca cancelou uma viagem à China ao descobrir que não poderia usar o Instagram. Este é mais um exemplo do impacto das políticas rigorosas de censura de redes sociais em países como a China, onde, assim como na Coreia do Norte, as plataformas ocidentais são proibidas.
Já no Irã, após protestos em 2022, Instagram e WhatsApp foram bloqueados, mas os usuários ainda encontram formas de contornar a censura utilizando VPNs. Mianmar também intensificou sua censura, bloqueando redes sociais e VPNs, justificando a medida como necessária para a estabilidade nacional.
Nos Emirados Árabes Unidos, a censura é parcial, permitindo o uso de redes sociais, mas reprimindo torrents ilegais. Já na Rússia, o controle das informações sobre a invasão da Ucrânia levou à restrição do Instagram e de outras plataformas. Em muitos desses países, o objetivo é controlar a narrativa e manter a população isolada do resto do mundo.
Prepare-se antes de viajar
Para quem planeja viajar, é importante conhecer as políticas de censura dos países de destino. A pesquisa “Censura na Internet 2023” da Comparitech mapeia essas restrições, destacando os países com maior controle sobre a internet.
Além dos já mencionados, Bielo-Rússia, Omã, Paquistão, Catar, Síria, Tailândia, Turquia e Uzbequistão também aplicam algum tipo de restrição.
Nos EUA, uma nova lei em Utah vai restringir o acesso de crianças ao TikTok e Instagram a partir de março de 2024.
Ficar informado sobre essas questões ajuda a evitar surpresas desagradáveis durante suas viagens.