O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 trouxe uma boa notícia para os trabalhadores brasileiros: o aumento de 6,87% no salário mínimo. Com isso, o valor atual de R$ 1.412 será ajustado para R$ 1.509, o que representa um acréscimo de R$ 97.
Esse reajuste considera a inflação prevista em 3,82%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), além de um ganho real de 2,91%, com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023.
Além de melhorar o poder de compra da população, esse ajuste reflete o esforço do governo em manter o equilíbrio fiscal e seguir as diretrizes do novo arcabouço fiscal.
Nesse sentido, o orçamento de R$ 5,87 trilhões para 2025 divide os recursos entre despesas primárias e financeiras, mantendo um saldo primário equilibrado.
Aumento no salário mínimo é reflexo da produtividade?
Muitos questionam por que o salário mínimo no Brasil é tão baixo em comparação com países desenvolvidos. A resposta, em grande parte, está ligada à baixa qualificação da força de trabalho e à desigualdade de renda.
No Brasil, muitos trabalhadores aceitam salários menores devido à baixa oferta de capacitação profissional. Por outro lado, em países como Japão, Estados Unidos e Canadá, trabalhadores mais qualificados são mais produtivos, o que resulta em salários mais elevados.
Essa lógica segue a lei de oferta e demanda: quando há muitos trabalhadores com baixa produtividade, a demanda por mão de obra qualificada se torna limitada e os salários permanecem baixos.
Assim, sem uma mudança significativa na qualificação dos trabalhadores brasileiros, é difícil ver um salto expressivo no salário mínimo, mesmo com ajustes anuais.
Impacto fiscal e metas do governo para 2025
Outro ponto importante do PLOA 2025 é a preocupação com o equilíbrio das contas públicas. O governo projeta receitas primárias de R$ 2,91 trilhões, o que resulta em um saldo primário zero, ou seja, as despesas estarão de acordo com as receitas.
Ademais, o orçamento também visa cumprir metas constitucionais, como os pisos para saúde e educação, com R$ 227,8 bilhões e R$ 113,6 bilhões, respectivamente. Além disso, há investimentos em infraestrutura, com R$ 60,9 bilhões destinados ao Novo PAC.
Portanto, esse alinhamento fiscal é essencial para manter a confiança dos mercados e evitar o aumento da dívida pública.
O impacto do salário mínimo nas políticas públicas
Embora o reajuste do salário mínimo seja necessário para acompanhar a inflação, ele, por si só, não resolve as questões estruturais do mercado de trabalho.
Políticas públicas têm capacidade limitada de alterar o chamado “salário de equilíbrio”, que é o valor determinado pelas forças de oferta e demanda. Assim, o desafio do governo é criar programas que elevem a qualificação dos trabalhadores e aumentem a produtividade.
Nesse sentido, medidas como investimentos em educação e qualificação profissional são fundamentais para mudar esse cenário. Sem essas ações, o reajuste do salário mínimo pode ser absorvido pela inflação, sem proporcionar uma melhora real no poder de compra da população a longo prazo.