O cenário atual dos anticoncepcionais levanta uma questão relevante: por que métodos hormonais masculinos ainda não estão disponíveis?
Embora o direito à escolha reprodutiva deva ser universal, o mercado carece desses produtos para homens, o que impede uma partilha equitativa da responsabilidade contraceptiva.
Até agora, as mulheres têm se encarregado majoritariamente da prevenção da gravidez. No entanto, para alcançar o equilíbrio, é essencial que os homens também utilizem métodos contraceptivos.
Por isso, a introdução de anticoncepcionais hormonais masculinos poderia equilibrar tal balança.
Alguns anticoncepcionais masculinos já estão à venda, mas não são práticos para os usuários – Imagem: Towfiqu Barbhuiya/Pexels
Ao longo dos últimos 50 anos, cientistas têm investigado anticoncepcionais hormonais masculinos, mas esses produtos ainda não chegaram às prateleiras das farmácias.
Um dos principais obstáculos é a falta de financiamento adequado, com apoio limitado de governos e indústrias farmacêuticas.
Desafios e progresso dos anticoncepcionais masculinos
O desenvolvimento de anticoncepcionais masculinos avança lentamente. Instituições como o Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver têm sido fundamentais para o financiamento.
Porém, a ausência de diretrizes claras de órgãos reguladores, como a Food and Drug Administration (FDA) e a European Medicines Agency (EMA), dificulta a comercialização.
Apesar disso, estudos clínicos mostram resultados promissores, pois métodos hormonais masculinos se provaram eficazes e reversíveis, com efeitos colaterais semelhantes aos das pílulas femininas.
A aceitação dos anticoncepcionais por homens e mulheres tem sido positiva nos testes.
Métodos promissores e seus efeitos
Ao longo dos anos, diferentes abordagens foram testadas, inclusive injeções e implantes. Recentemente, até um gel doméstico, o NES/T, mostrou-se promissor ao combinar testosterona e acetato de segesterona, sendo assim fácil de aplicar e causando poucos efeitos colaterais.
Além do gel, estão em desenvolvimento pílulas anticoncepcionais masculinas. Embora algumas já tenham sido aprovadas, a necessidade de ingestão frequente limita sua praticidade. A pesquisa continua com o objetivo de criar um comprimido mais adaptado ao cotidiano masculino.
Em paralelo, estudos exploram métodos contraceptivos não hormonais, como o Vasalgel, que bloqueia a passagem dos espermatozoides. No entanto, essas abordagens ainda estão em fases iniciais, enquanto os métodos hormonais se mostram mais avançados.
Impactos nos direitos reprodutivos
A introdução de anticoncepcionais masculinos poderia revolucionar os direitos reprodutivos, promovendo mais equidade entre homens e mulheres. Ao compartilhar a responsabilidade contraceptiva, espera-se reduzir as gravidezes não planejadas e fortalecer programas de planejamento familiar.
Portanto, a participação masculina mais ativa no uso de anticoncepcionais representaria um avanço significativo em direção à igualdade nos direitos reprodutivos. Essa mudança seria benéfica para a saúde de ambos os sexos, além de promover uma sociedade mais justa.