O termo “brain rot”, ou “cérebro podre”, ressoou fortemente em 2024, quando foi escolhido como a palavra do ano pelo Dicionário Oxford. Compreendendo a deterioração mental devido ao consumo excessivo de conteúdo superficial, esse fenômeno tem gerado crescente preocupação global.
De acordo com a Oxford University Press, as citações com a expressão aumentaram 230% de 2023 para 2024, evidenciando a relevância do tema. Após ganhar conotação científica, ela passou a ser um alerta para os danos causados por excessos digitais.
Pesquisas referenciadas pelo The Guardian indicam que o uso excessivo de mídias sociais pode literalmente diminuir nossa massa cinzenta. Segundo os estudos, a capacidade de atenção e a memória são especialmente impactadas.
Desde o início dos anos 2000, sinais de alerta já eram perceptíveis. Um estudo de 2005 da Universidade de Londres destacou a queda no QI devido ao uso diário de e-mails e celulares, impacto comparado ao uso de substâncias como a maconha, demonstrando a gravidade do problema.
O papel das mídias sociais e o vício digital
Nos dias atuais, a constante interação com tweets, stories e notificações é projetada para viciar. Conforme especialistas, nosso cérebro busca novidades, o que, antigamente, era uma vantagem evolutiva.
Hoje, essa característica é explorada para aumentar o tempo de tela.
Estudos de neuroimagem revelam a redução da massa cinzenta em regiões cerebrais críticas devido ao uso excessivo de internet. Esses danos assemelham-se aos de vícios em substâncias como álcool e metanfetaminas, conforme apontam as pesquisas de Michoel Moshel, da Universidade Macquarie.
Impacto na educação e na saúde mental
Na Austrália, a distração causada por tecnologias digitais em salas de aula é uma preocupação crescente, e uma pesquisa do Instituto Gonski de 2020 mostrou que 84% dos educadores compartilharam essa visão.
Organizações como a Beyond Blue também identificam o tempo de tela como um desafio significativo para a juventude.
O psicólogo Eduardo Fernández Jiménez, do Hospital La Paz, destaca em reportagem ao g1 como a enxurrada de estímulos afeta a atenção sustentada, crucial para o aprendizado. Segundo ele, o consumo de conteúdo de baixa qualidade agrava problemas de saúde mental, criando um ciclo vicioso difícil de quebrar.
Estratégias para mitigar os efeitos do ‘brain rot’
Especialistas sugerem limitar o tempo de tela e priorizar conteúdos educativos para combater o “brain rot”. Além disso, recomendam atividades físicas e interações sociais para aliviar os efeitos negativos do uso digital prolongado.
Além de soluções individuais, políticas públicas são necessárias para promover educação digital crítica e transparência nas práticas das empresas de tecnologia. Afinal, na era digital, talvez devamos redescobrir o mundo além das telas, onde nossos cérebros foram verdadeiramente concebidos para explorar.
*Com informações do g1.