Uma descoberta surpreendente foi feita a dois quilômetros da costa de Tenerife, na Espanha. Um peixe “diabo negro“, chamado cientificamente de Melanocetus johnsonii, foi avistado na superfície, à luz do dia, algo inédito, de acordo com a ONG Condrik Tenerife.
Até agora, a presença do peixe vindo de regiões abissais do oceano havia sido registrada apenas em larvas, exemplares mortos ou imagens capturadas por submarinos. Desta vez, a equipe da ONG conseguiu fazer imagens da criatura viva, em um ambiente incomum para ela.
O vídeo que documenta este raro encontro foi publicado nas redes sociais da Condrik Tenerife. O registro ocorreu em 26 de janeiro, realizado pelo fotógrafo de fauna marinha David Jara, junto aos biólogos Laia Valor, Marc Martín e Antonio Sabuco. Veja o vídeo:
O mistério da presença na superfície
A razão pela qual tal espécie apareceu em águas tão rasas ainda é desconhecida. Hipóteses incluem doenças, correntes ascendentes ou fuga de predadores. Esse comportamento inesperado levanta questões sobre o ecossistema marinho e suas dinâmicas.
Laia Valor, bióloga marinha, relata como a equipe encontrou o peixe ao observar algo estranho na água, um objeto negro. Quando a equipe se aproximou, percebeu que era um peixe-diabo negro, contou ela ao jornal El Mundo.
Características dos animais abissais
Os peixes abissais, como o diabo negro, habitam profundidades que variam de 200 a 2.000 metros. São conhecidos por suas adaptações extremas, como bioluminescência, corpos moles e dentes afiados, características que lhes permitem sobreviver às duras condições do fundo do mar.
Desde a expedição Challenger em 1872, muitas missões científicas revelaram parte dos mistérios das profundezas do oceano.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), responsável por monitorar o oceano e a atmosfera nos EUA, e o Ocean Biodiversity Information System (OBIS) têm sido fundamentais na descoberta de novas espécies e no entendimento da vida abissal.
Apesar dos avanços, ainda se desconhece muito sobre o mar profundo. A observação do “diabo negro” à luz do dia abre novas frentes de pesquisa. Com isso, os cientistas esperam desvendar mais segredos sobre a vida nestas profundezas inóspitas.