A agricultura biodinâmica é um método de cultivo que
busca alinhar as práticas agrícolas com os ritmos naturais do cosmos,
considerando fatores como as fases da Lua e as posições planetárias para
otimizar o crescimento das plantas.
Em Maiorca, na Espanha, a propriedade Can Feliu se
destaca como um dos poucos locais certificados pelo selo DEMETER, um
reconhecimento internacional para a produção biodinâmica.
Mas como, exatamente, a influência da Lua pode
impactar o desenvolvimento das plantas?
O que é agricultura
biodinâmica?
Criada na década de 1920 pelo filósofo e cientista
austríaco Rudolf Steiner, a agricultura biodinâmica propõe uma abordagem holística
para o cultivo, enxergando a fazenda como um organismo vivo.
Um dos princípios fundamentais dessa prática é o uso
de um calendário astronômico agrícola, desenvolvido posteriormente pela
pesquisadora alemã Maria Thun, que estabelece diretrizes para semeadura,
colheita e outras atividades de manejo de acordo com os ciclos lunares e as
posições dos planetas.
A proposta central da biodinâmica é que os corpos
celestes exercem influência sobre a Terra de maneiras que vão além das marés
oceânicas.
Segundo essa visão, a Lua pode afetar o fluxo de seiva
nas plantas, influenciar a germinação das sementes e até mesmo modificar a
resistência da madeira quando cortada em diferentes momentos do mês lunar.
A agricultura pode realmente ser influenciada pela Lua? – Imagem: Shutterstock/reprodução
Como a Lua afeta o
crescimento das plantas?
Pesquisas dentro da biodinâmica indicam que as fases
da Lua podem atuar sobre o metabolismo das plantas de forma semelhante ao
impacto gravitacional que exerce sobre os oceanos.
Durante a Lua crescente e a Lua cheia, a seiva tende a
subir, favorecendo o crescimento vegetativo e a floração. Já na Lua minguante e
na Lua nova, a energia da planta se concentra nas raízes, tornando esse o
momento ideal para podas de regeneração e plantio de espécies de raízes
profundas.
Para agricultores biodinâmicos, o planejamento das
atividades agrícolas segue essas premissas:
Corte de grama: se o objetivo é retardar o crescimento, a recomendação é cortá-la à noite, durante a Lua nova. Caso se queira estimular o crescimento, o ideal é realizar o corte antes da Lua cheia;
Colheita de madeira: árvores cortadas na Lua minguante tendem a produzir madeira mais resistente, pois a energia está concentrada no tronco. Já cortes realizados na Lua cheia podem resultar em madeira de menor durabilidade;
Poda de árvores: para revitalizar uma árvore debilitada, a poda deve ocorrer na Lua crescente. Se a intenção for controlar o crescimento, a poda deve ser feita na Lua minguante;
Semeadura e transplante: o período de Lua cheia e o primeiro quarto crescente são considerados ideais para semear e transplantar mudas, pois favorecem o crescimento e a germinação. Por outro lado, a Lua nova é vista como um período mais delicado para essas atividades.
Ciência ou apenas tradição?
Embora muitos agricultores relatem bons resultados ao
seguir o calendário biodinâmico, a ciência convencional ainda debate a
efetividade dessas práticas.
Estudos sobre o impacto lunar na agricultura
apresentam resultados variados, e muitos especialistas apontam que outros
fatores, como qualidade do solo, irrigação e temperatura, exercem um papel mais
determinante no crescimento das plantas.
No entanto, a biodinâmica se mantém como uma abordagem
que valoriza o equilíbrio ecológico e incentiva práticas sustentáveis.
Para muitos produtores, alinhar o plantio aos ciclos
naturais não é apenas uma técnica agrícola, mas um modo de reconectar-se à
terra e compreender melhor os ritmos da natureza.