Durante décadas, a autonomia financeira feminina foi um desafio. Até 1962, as mulheres casadas no Brasil precisavam de autorização do marido para abrir conta ou trabalhar, mas a criação do Estatuto da Mulher Casada começou a mudar essa realidade.
Hoje, embora as conquistas sejam evidentes, a batalha pela igualdade de oportunidades no empreendedorismo persiste. Em especial, o acesso ao crédito continua sendo uma barreira para muitas empreendedoras, revelando um cenário de desigualdade financeira.
O Sebrae aponta que 38,5% dos pequenos negócios no Brasil são liderados por mulheres. No entanto, elas enfrentam obstáculos únicos no mercado de crédito, como preconceitos culturais e taxas de juros mais altas, dificultando o financiamento.
Estatísticas preocupantes e juros elevados
De acordo com uma pesquisa do Sebrae em 2023, apenas 12% das empreendedoras solicitaram empréstimos nos seis meses anteriores. Dessas, 45% tiveram o crédito negado, sem justificativa para 30% delas.
Além disso, mulheres negras enfrentam recusas 50% maiores do que as mulheres brancas.
Quando consegue crédito, o público feminino paga taxas de juros superiores. Enquanto os homens em pequenos negócios enfrentam uma taxa média de 36,8% ao ano, para as mulheres esse valor ultrapassa 40%. Em estados como o Ceará, a disparidade é ainda maior.
Obstáculos estruturais e o papel do Sebrae
Além das dificuldades financeiras, as mulheres lidam com barreiras estruturais, como a carga desproporcional de tarefas domésticas. Isso afeta diretamente sua capacidade de planejar e expandir seus negócios.
O Sebrae, por meio de programas como o Sebrae Delas, busca capacitar e empoderar essas empreendedoras. As iniciativas incluem:
- UP Digital Finanças: foca na gestão financeira de pequenos negócios.
- Invista em Você: oferece estratégias de planejamento financeiro.
- Mulheres em Foco: promove mentoria para empreendedoras.
Soluções para o problema
Para melhorar o acesso ao crédito, é necessário investir em educação financeira ampla, políticas públicas específicas e redução das disparidades regionais. Instituições financeiras devem adotar estratégias inclusivas para atender às necessidades das empreendedoras.
Investir no empreendedorismo feminino não só promove igualdade, mas também fortalece a economia e a sociedade. Ao ampliar o acesso ao crédito, as mulheres podem desenvolver negócios, criar empregos e impactar positivamente suas comunidades.