Uma descoberta notável foi realizada por cientistas em 2023: um “capítulo oculto” da Bíblia, escrito há 1.500 anos, veio à tona. O autor do achado foi o pesquisador Grigory Kessel, da Academia Austríaca de Ciências.
Escondida sob duas camadas de pergaminho reescrito, essa passagem é uma antiga interpretação do capítulo 12 do Evangelho de Mateus.
O estudo responsável pela descoberta, publicado no jornal Estudos do Novo Testamento, detalha como o pergaminho foi reaproveitado por um escriba devido à escassez de materiais na época.
A técnica de raspar e reutilizar era comum, mas agora, com inovadoras técnicas de fotografia com luz ultravioleta, cientistas conseguiram desvendar o texto oculto.
Essa tecnologia revelou a marca da tinta original, que brilhou em azul sob a luz ultravioleta, permitindo a leitura do pergaminho reutilizado.
Este método vem se destacando entre cientistas que buscam revelar documentos perdidos, sendo uma ferramenta importante nessa descoberta.
Imagem do exame feito no documento, onde é possível ver antigos escritos já ofuscados – Imagem: Biblioteca do Vaticano/reprodução
Contexto do capítulo 12 de Mateus
O capítulo 12 do Evangelho de Mateus é essencial para compreender a vida pública de Jesus. Ele narra episódios como sua caminhada em um sábado, quando os discípulos colheram espigas para saciar a fome, desafiando as regras do dia de descanso judaico.
Jesus aproveita para ensinar que a necessidade, como a fome, pode sobrepor-se a certas regras, enfatizando a importância de boas ações. Ele reflete sobre a misericórdia acima do sacrifício, questionando a rigidez das leis religiosas.
Confira um dos versículos mais conhecidos da passagem:
“Mas, se vós soubésseis o que isto significa: ‘Eu quero misericórdia, e não sacrifício’, não condenaríeis os inocentes.”
Mateus 12:7
Demônios e profecias
O capítulo também aborda o poder de Jesus sobre os demônios, simbolizando a supremacia do reino de Deus sobre o de Satanás. Há uma menção ao sinal de Jonas, prefigurando a morte e ressurreição de Jesus.
Mateus 12 destaca ainda o relacionamento espiritual entre Jesus e seus seguidores, afirmando que aqueles que fazem a vontade de Deus são sua verdadeira família.
O que dizia o comentário?
Até o momento, não se sabe ao certo o que consta no comentário feito sobre o capítulo 12 de Mateus. Kessel e sua equipe acreditam tratar-se apenas de uma interpretação pessoal feita por algum estudioso do século 6.
De qualquer forma, a redescoberta dessa passagem enriquece o entendimento sobre as antigas traduções siríacas dos Evangelhos.
Atualmente, apenas dois manuscritos dessa tradução eram conhecidos: um na Biblioteca Britânica e outro no Mosteiro de Santa Catarina, no Egito. O novo manuscrito agora faz parte do acervo da Biblioteca do Vaticano.
Essa descoberta não só lança luz sobre interpretações antigas, mas também demonstra o avanço das tecnologias em estudos históricos e religiosos.
A recuperação de textos perdidos através de métodos modernos promete revelar ainda mais sobre nosso passado cultural e espiritual.