Por que é tão difícil parar de rolar o feed? A verdade chocante sobre as redes sociais

Rolagem infinita, notificações e algoritmos estimulam o cérebro e dificultam a desconexão. Veja como recuperar o controle.



Você já se pegou rolando o feed sem nem perceber o tempo passar? Talvez só tenha notado quando o celular mostrou aquele alerta de bateria fraca ou quando os olhos começaram a arder. Essa cena, comum para muita gente, tem menos a ver com falta de disciplina e mais com o jeito como as redes sociais são pensadas.

Mesmo com tantos benefícios, como nos aproximar de quem está longe ou facilitar o acesso à informação, essas plataformas são projetadas para nos manter ali, conectados, por mais tempo do que imaginamos. E quando nos damos conta, já se passaram minutos, às vezes horas, num simples movimento de dedo na tela.

Rolagem infinita e seu impacto no cérebro

Rolagem infinita mantém o usuário preso ao feed, em um ciclo que dificulta perceber o tempo passando. (Foto: Nikola Milosevic/Getty Images Signature)

Criada com a proposta de facilitar a navegação, a rolagem infinita eliminou a pausa entre uma página e outra. Parece algo prático, e de fato é. Mas, junto com essa fluidez, veio também um efeito colateral: a sensação de que sempre há algo novo à espera no próximo deslizar de dedos.

Cada vez que aparece um post diferente, o cérebro interpreta como uma pequena recompensa. Isso ativa a liberação de dopamina — o mesmo neurotransmissor envolvido em sensações de prazer. O resultado? A mente passa a buscar esse estímulo de novo, mesmo que nem todo conteúdo seja realmente interessante.

Esse mecanismo se assemelha ao dos jogos de azar: nunca se sabe exatamente o que vem a seguir, e é justamente essa imprevisibilidade que prende a atenção. Não por acaso, muitas pessoas descrevem a sensação de estar “presas no feed” como algo automático, difícil de controlar.

Feed é pensado para engajar

Mas não é só a rolagem que nos prende. Outros elementos entram em cena: vídeos que começam automaticamente, notificações que surgem na tela a todo momento, algoritmos que aprendem exatamente o que gostamos de ver. Tudo isso forma um ambiente que nos convida a ficar — mesmo quando não queremos.

As notificações, por exemplo, criam um senso de urgência. Muitas vezes, o conteúdo nem é tão relevante, mas o alerta visual ou sonoro já é suficiente para chamar a atenção. Assim, as redes deixam de ser uma ferramenta e passam a comandar o tempo, o foco e até o humor de quem as usa.

É nesse cenário que a desconexão se torna um desafio. Não porque falte vontade, mas porque todo o sistema está desenhado para tornar a permanência o caminho mais fácil — e sair, o mais difícil.

Existe saída? Como retomar o controle aos poucos

Romper esse ciclo exige mais do que desligar o celular de vez em quando. É preciso criar espaço para o silêncio, para o tédio e até para o simples hábito de estar presente sem estímulos constantes. Nesse sentido, estabelecer horários livres de tela pode parecer pouco, mas já faz diferença.

Pequenos ajustes — como desativar notificações, deixar o celular longe na hora de dormir ou usar alertas de tempo de uso — ajudam a devolver a sensação de controle. Não se trata de abandonar as redes, mas de voltar a usá-las com intenção.

Desse modo, o que parecia impossível vai ficando mais leve. E a rolagem sem fim, antes automática, começa a dar lugar a pausas mais conscientes — que fazem bem não só para a mente, mas para a vida como um todo.




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