Em um mundo onde a informação é acessível através de diferentes formatos, persiste a questão: precisamos realmente ler ou podemos aprender apenas ouvindo? Esta dúvida intrigante foi expressa pelo jovem Sebastian L., de 15 anos, residente na Dinamarca, mas não é apenas dele.
Com a evolução dos audiolivros e podcasts, muitos se questionam sobre a importância da leitura.
A cientista Stephanie N. Del Tufo, especialista em linguagem e professora assistente na Universidade de Delaware, explora como nosso cérebro processa a linguagem falada e escrita.
Sua pesquisa, apoiada por várias instituições, incluindo a National Science Foundation e o National Institutes of Health, busca compreender as nuances entre esses dois modos de aprendizado.
Processos cerebrais distintos
O cérebro utiliza sistemas cognitivos semelhantes para leitura e audição, mas cada um possui funções específicas. Ao ler, o reconhecimento de letras e sua associação com sons e significados são fundamentais.
A estrutura visual do texto, como parágrafos e pontuações, guia nossa compreensão e permite uma leitura no próprio ritmo.
Enquanto isso, ao escutar, precisamos acompanhar o ritmo do falante. A linguagem falada é contínua e o cérebro deve identificar os limites de palavras e sons rapidamente. Além disso, compreender a entonação e o contexto é crucial para captar o significado.
Complexidade e contexto
Muitas vezes, considera-se que ouvir é mais fácil do que ler, mas pesquisas indicam o contrário, principalmente em relação a materiais complexos. Enquanto histórias fictícias podem ser compreendidas de forma semelhante em ambos os formatos, textos informativos exigem mais da leitura.
A leitura oferece flexibilidade para revisar e sublinhar pontos importantes, enquanto ouvir requer pausa e retrocesso, o que pode interromper o fluxo.
No entanto, pessoas com dislexia do desenvolvimento podem achar a audição mais acessível, já que evita o desafio da decodificação de palavras escritas.
Importância do engajamento
Outro fator crucial é o engajamento. Este refere-se à presença mental, ao foco ativo e à conexão de ideias.
Pesquisas mostram que estudantes universitários que leram, em vez de ouvir, tiveram melhor desempenho em testes. Distrações, comuns durante a audição, podem prejudicar a compreensão.
Portanto, a atenção é mais vital para a escuta do que para a leitura.
Portanto, é possível que a leitura permaneça essencial, mesmo com a opção de ouvir. Ambas oferecem benefícios distintos e não devem ser tratadas como equivalentes. A melhor forma de aprender é entender como cada uma funciona e usá-las de forma complementar para enriquecer o conhecimento.