O gasto com a alimentação compromete a maior parte do salário mínimo. Pelo menos 55% da renda mensal das famílias é direcionada para os itens básicos da cesta básica. Ao menos é isso o que mostra mais um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Leia mais: Comprar a cesta básica ou itens avulsos: o que é mais em conta?
O valor é o maior registrado desde 2004. Na época, a cesta básica representava 58% do gasto das famílias brasileiras quando o salário mínimo era de R$ 260. A porcentagem de hoje representa um gasto médio de R$ 663,29 dos R$ 1.212 recebidos pelos trabalhadores.
55% da renda vai para a alimentação
A pesquisa considera os preços praticados em 16 capitais brasileiras. Esse é um levantamento feito pelo Dieese desde 1998. Nos últimos meses, a parte da renda mensal comprometida com a alimentação assusta e afeta diretamente o sustento das famílias mais carentes.
Para dar conta dos gastos com o fornecimento de alimento, as famílias de renda mais baixa priorizam os itens mais básicos e essenciais. É justamente nesse momento que acontece uma redução na parte do salário que deveria estar atrelada à educação, cultura, vestuário e até mesmo com o transporte.
Os dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) mostram que mais de 33 milhões de brasileiros não têm o que comer. Essa quantidade representa um aumento de pelo menos 14 milhões de pessoas, se comparado o ano de 2020, antes do período mais crítico da COVID-19.
Com mais de 55% da renda destinada para a alimentação, a cobrança é para que os governos adotem medidas para reduzir a fome e garantir o mínimo necessário para a sobrevivência das famílias.
Até mesmo porque as doações, que antes eram em maior quantidade, também ficaram comprometidas pela queda no orçamento de quem antes tinha mais recursos para contribuir com os mais necessitados.
Só para se ter uma ideia, os dados da ONG Ação da Cidadania mostraram uma queda de 97% na doação de comida no país até novembro do ano passado.