O álbum de figurinhas da Copa do Mundo começou a ser vendido e milhões de torcedores já correram para garantir o seu. O tradicional livro reúne imagens autocolantes dos jogadores de futebol de todas as seleções classificadas para participar do torneio.
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Algumas dessas figurinhas têm características especiais que fazem com que os colecionadores as considerem raras. É o caso das estampadas por Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo e outros grandes atletas.
Sob a justificativa que são mais difíceis de serem encontradas, há que venda uma única unidade por até R$ 9 mil. Mas será que quem não tem essa grana para desembolsar vai ficar sem completar o álbum?
Raridade é “mito”
Segundo a Editora Panini, responsável pela produção do álbum, não existem figurinhas mais ou menos raras que outras. A empresa afirma que encontrar o exemplar desejado é somente uma questão de probabilidades.
“Não tem como ter figurinhas raras no sentido de a gente produzir menos uma figurinha do que outra. Isso não é possível devido ao nosso processo de produção”, explica Carolina Motta, gerente de marketing da Panini Brasil.
A Folha de São Paulo acompanhou parte da produção do produto em uma fábrica da empresa em Barueri (SP). No local, as figurinhas são separadas, embaladas e distribuídas para 16 países da América Latina, incluindo o Brasil.
Na etapa de separação, uma máquina divide as unidades em pacotinhos de forma totalmente aleatória. “Se uma pessoa quer tirar o Neymar, ele é um em 650 figurinhas. Então, [a dificuldade] é devido à proporção”, completa a gerente.
Regulamentação
Para produzir cartas mais raras e com menor oferta no mercado, a empresa teria que passar por regulamentação junto à Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria, órgão do Ministério da Economia. Além disso, uma legislação específica disciplina o tema.
“A Lei nº 9.340/1996 estabelece que a quantidade de figurinhas deverá corresponder ao número de álbuns distribuídos e que todas as figurinhas devem ser distribuídas em cada cidade ou região”, explica a advogada Lais Oliveira, especialista em direito do consumidor.
Figurinhas especiais
Para ‘driblar’ as regras, a Panini criou 80 cromos extras nas versões comum, a bronze, a prata e a ouro. As figurinhas não são necessárias para completar o álbum da Copa do Qatar, mas são as mais desejadas pelos colecionadores.
O pacote vem com uma figurinha extra quando inclui o cromo especial. A editora considera as unidades como itens de colecionador, e por isso não depende de registro no Ministério da Economia.
“A disponibilização de figurinhas como item de colecionador não necessariamente ofende a legislação vigente se há clara e expressa informação de suas características e de que se trata de item adicional ao álbum de figurinhas”, diz Lucas Simão, sócio especialista em direito do consumidor da Pinheiro Neto Advogados.
São justamente esses cromos especiais que chegam a custar milhares de reais na internet. A de ouro estampada por Neymar, atacante da seleção brasileira, é vendida por até R$ 9 mil.
A Panini deixa claro que “não comercializa figurinhas extras individualmente e as vendas paralelas não são de responsabilidade da marca”. No Brasil, um pacote com quatro unidades sai por R$ 4, enquanto o álbum impresso em papel-cartão custa R$ 12.