A Selic foi mantida em 13,75% ao ano pela segunda vez consecutiva na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. A decisão de interromper o aperto veio após o maior ciclo de alta na taxa básica de juros da história do país.
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Mas como a manutenção da Selic em um nível tão alto afeta o bolso do brasileiro? Entenda como funciona essa dinâmica.
Crédito mais caro
Qualquer mudança na taxa de juros é uma via de mão dupla. O momento atual é bom para quem tem recursos para investir, já que o retorno de uma série de aplicações também aumenta junto com ela.
Por outro lado, a notícia não é boa nem para quem tem um negócio, nem para quem está endividado ou precisa contratar crédito. Em outras palavras, o aperto monetário é positivo para os mais ricos e negativo para os mais pobres.
“Essa taxa é boa para quem tem dinheiro, que pode aplicar e obter retorno elevado, contanto que a inflação seja inferior a essa taxa. Mas ela é ruim para quem não tem dinheiro e tem dívidas, porque vai pagar mais caro pelo crédito”, explica Rafael Marques, economista e CEO da Philos Invest.
Controle da inflação
A estratégia de elevar a Selic tem como principal foco combater o avanço da inflação, segundo Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos. “Se a subida de juros é ruim para as pessoas, a inflação é pior ainda. Ela é muito mais devastadora para o bolso”, afirma.
A inflação alta é considerada mais prejudicial que os juros altos porque ela aumenta os preços dos bens e serviços, o que afeta principalmente a população mais pobre. Para quem tem dinheiro, é possível se proteger desses efeitos investindo em opções com remuneração superior à inflação.
“A defesa da baixa renda é receber o salário e correr para o supermercado, porque se não fizer isso a inflação sobe e a pessoa compra menos com a mesma quantia de dinheiro”, acrescenta Marques.
Processo longo
Com o crédito mais caro, o cidadão consome menos, as empresas vendem menos e o salário cai, na esteira do aumento da oferta de mão de obra. Quando a população está recebendo menos ou sem emprego, a inflação recua.
O processo visa um resultado positivo, mas leva a muitos sacrifícios e demora um tempo considerável. O último ciclo de aumento da Selic começou em março de 2021, mas só gerou efeitos na inflação nos últimos meses.