As incertezas nos rumos da política fiscal do governo eleito fizeram com que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) endurecesse o discurso sobre os riscos que um desarranjo fiscal pode provocar. Um exemplo disso é a manutenção da Selic em 13,75% ao ano.
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O Banco Central ressalta, em ata de reuniões realizadas nos dias 06 e 07 de dezembro que o tema fiscal foi debatido de forma extensa. E, por isso, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não seja o esperado. Em outras palavras, tal ação pode fazer com que a taxa básica de juros fique mais tempo como está. Ou ainda, que suba antes do previsto pelo mercado.
Economistas apontam que a ação do Banco Central é um sinal duro. Isso porque, a expectativa é que haveria um corte da Selic ainda no segundo semestre de 2023, porém isso pode não acontecer. Um dos fatores que ainda é preciso esperar a concretização é a aprovação da PEC de Transição na Câmara dos Deputados.
No entanto, o BC também demonstra que a alta dos juros pode perder efeito, dependendo das escolhas do novo governo. Para isso, será preciso considerar fatores como preços de ativos, grau de incerteza na economia, expectativas de inflação e taxas de juros neutra.
Fator externo
Na mesma ata de reunião, o Banco Central ainda afirma que os efeitos nos preços internos podem ser influenciados por um ambiente externo “adverso e volátil”. Em outras palavras, a perspectiva de crescimento global abaixo do potencial no próximo ano também é um fator a se considerar.
Portanto, para Tony Volton, ex-diretor do BC, esses fatores externos têm mais poder de definir alterações da política monetária do Banco Central do que o aumento de gastos do novo governo, que já está precificado.
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