O baque da pandemia ainda faz parte da realidade de muitos brasileiros, principalmente daqueles que trabalham com a indústria ou prestação de serviços. Em março, por exemplo, 43,43% da população com mais de 18 anos não honrou com as suas dívidas. A marca de calote é recorde no Serasa desde quando a série foi iniciada, em 2016.
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O resultado é o pior desde março de 2020, no início da pandemia. Naquele mês, os endividados somavam 41,20%.
Calote em todo país
A grande questão é que, quando o cidadão não consegue pagar as suas dívidas, o crescimento da economia é interrompido. Diante deste cenário, o governo promete lançar o Desenrola, programa voltado para renegociação de dívidas. A medida está em atraso devido à espera de soluções para questões técnicas.
Um exemplo é o estado do Rio de Janeiro que, em março de 2020, ocupava a sexta posição no ranking de inadimplentes, mas está no topo do pódio neste momento. Isso se deve à fala de dinamismo na economia da região, que não tem um setor rural estruturado nem cadeia exportadora (exceto de petróleo).
Em segundo lugar no ranking dos “caloteiros”, está o Amapá, sendo logo seguido do Amazonas. Por lá, a questão é outra: estes são estados preponderantemente pobres. Outro cenário encontrado é do Distrito Federal, por exemplo, que está ligado ao enfraquecimento dos serviços.
Renegociação
Vale lembrar que, desde o início da pandemia, a inadimplência vinha em queda devido à grande renegociação de dívidas e Taxa Básica de Juros (Selic) a 2% ao ano; contudo, com a inflação, os calotes voltaram a aumentar no final de 2021. Isso, porque a alta dos preços atingiu principalmente os mais pobres.
Do lado aposto
Se o Rio de Janeiro está no topo da lista, os três estados com menores taxas de inadimplência são o Piauí (36,67%), Santa Catarina (36,74%) e Maranhão (38,41%).
Por fim, os benefícios sociais, venham do governo federal ou do estadual, são fatores importantes no bom desempenho para a saída da inadimplência. Prova disso é que, até ano passo, Piauí e Maranhão eram os estados que percentualmente mais recebiam os benefícios do Bolso Família.
Um levantamento da LCA Construtores aponta que o Piauí foi a unidade federativa que teve o maior recebimento do Bolsa Família, somando 19,4% da população, o que é bom. Com o dinheiro em mãos, é mais fácil renegociar dívidas.