A venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol está proibida há mais de três décadas no estado de São Paulo. Esse cenário pode mudar, já que autoridades ligadas ao setor defendem a volta da famigerada cervejinha para as arquibancadas.
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O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, é a favor do fim da proibição da comercialização.
“O futebol, a cerveja, são fatores que contribuem para o lazer, para o dia de jogo. O torcedor gosta de chegar mais cedo no estádio, tomar uma cerveja com seus amigos, falar de futebol e nós não temos isso, infelizmente. Nós temos na porta do estádio bares e ambulantes vendendo cerveja, cachaça, vodka, tudo o que você quiser. E aí o cara anda dez metros, entra para o estádio e não pode nada”, disse Bastos em entrevista ao canal ‘Escanteio SP’, no YouTube.
“É muito mais saudável para todo mundo, principalmente financeiramente para os clubes, que ele consuma dentro do estádio. E volto a frisar, o cara anda dez metros, entra no estádio e não pode tomar. Na rua vale tudo. Mas nós vamos resolver isso, podem esperar”, completou.
Faturamento e empregos
Os clubes da capital também se mostram a favor da liberação há alguns anos, mas apenas nos bastidores. A volta das bebidas alcoólicas nos estádios paulistas representaria um aumento de cerca de 30% no faturamento dos estabelecimentos, segundo dados da GSH (Gourmet Sports Hospitality), empresa responsável pela área de alimentos e bebidas do Allianz Parque.
Outro motivo apontado pelos defensores do retorno da cervejinha é a geração de empregos, já que haveria crescimento nas contratações de funcionários.
“É uma oportunidade enorme para a criação de emprego, caso ocorra uma mudança de lei, visto que estamos falando de um segmento com muitos profissionais capacitados e que estão se recolocando no mercado”, afirmou Tábata Silva, gerente do portal Empregos.com.br.
Combate à violência
A venda de bebidas alcoólicas nas dependências dos estádios de futebol em São Paulo foi proibida pela Lei Estadual nº 9.470, de 1996. O documento foi aprovado um ano após uma briga entre torcedores de Palmeiras e São Paulo, episódio que ficou conhecido como “Batalha do Pacaembu” e terminou com 102 feridos e um morto.
Por isso, especialistas acreditam que a liberação deve ser acompanhada por medidas de combate à violência. “Trata-se de uma alternativa que seria rentável e benéfica para todas as partes envolvidas. Mas instruir o público com campanhas de conscientização também é fundamental caso isso aconteça”, disse Fábio Wolff, especialista em marketing do setor esportivo.
“Já vemos essa liberação em shows, até mesmo em São Paulo, e entendo que chegou o momento de ocorrer uma mudança. Todos os grandes eventos são assim. Ao mesmo tempo, entendo que elas devem vir acompanhadas de campanhas de conscientização sobre vício e consumo excessivo”, acrescentou Renê Salviano, executivo da agência Heatmap.
