Pedir desculpas constantemente, mesmo quando não há motivo, é um comportamento cada vez mais comum. No entanto, por trás dessa atitude aparentemente educada, podem existir questões emocionais mais profundas.
Leia mais: Traumas na infância triplicam o risco de problemas mentais em adultos
A psicóloga clínica e psicoterapeuta Line Mourey realizou uma análise detalhada desse padrão de comportamento e identificou três razões principais que levam as pessoas a se desculparem de forma frequente.
A baixa autoestima e a necessidade de compensação
Um dos motivos apontados por Mourey é a baixa autoestima. Indivíduos que constantemente se sentem inferiores e imperfeitos tendem a sentir a necessidade de se desculpar como uma forma de compensar essa suposta diferença em relação aos outros.
Essas pessoas acreditam, de forma constante, que não merecem estar no mesmo patamar que os demais e, por isso, se desculpam repetidamente, por qualquer coisa, desde ações triviais até sua própria existência.
Influência do meio ambiente e educação recebida
Além da baixa autoestima, o meio ambiente em que crescemos e a educação recebida exercem influência significativa nesse comportamento. Desde a infância, somos moldados pelas regras e normas sociais, aprendendo a associar o pedido de desculpas a algo adequado e bem-educado.
Entretanto, é importante ressaltar que saber dizer “não” e expressar nossas próprias necessidades são habilidades essenciais para colocarmos nosso bem-estar em primeiro lugar, sem precisar nos desculparmos constantemente por tudo e por nada.
O ciclo vicioso e a perda de confiança
Esse padrão de pedir desculpas frequente cria um ciclo vicioso. Quanto mais nos desculpamos, mais perdemos a confiança em nós mesmos, pois internalizamos a crença de que estamos sempre errando.
Além disso, ao nos desculparmos sem necessidade, nos colocamos em uma posição de submissão, concedendo aos outros o poder de aceitar ou rejeitar nossas desculpas, o que pode intensificar ainda mais nosso sentimento de culpa.
Para romper com esse ciclo e resolver essa questão, Mourey propõe um processo de autoafirmação em duas etapas.
Primeira etapa: repensando as crenças e estabelecendo limites saudáveis
A primeira etapa consiste em trabalhar nossas crenças e repensar a importância que atribuímos às consequências de nossas ações. Muitas vezes, tendemos a amplificar essas consequências de maneira desproporcional, levando-nos a nos desculpar por coisas insignificantes. Portanto, é fundamental racionalizar nossos pensamentos e compreender que não precisamos praticar esse ato sem motivo.
Segunda etapa: expressando nossas necessidades e desejos
A segunda etapa envolve desenvolver a habilidade de expressar nossas próprias necessidades e desejos, sem a constante necessidade de se desculpar. Isso significa aprender a dizer “não” quando necessário, estabelecer limites saudáveis e priorizar nosso bem-estar. Ao praticarmos a autoafirmação, gradualmente vamos resgatando nossa confiança e nos libertando do hábito de nos desculparmos de forma exagerada.
É importante ressaltar que superar esse padrão não é uma tarefa fácil. Requer tempo, autoconhecimento e esforço contínuo. Por isso, se você se identifica com esse comportamento, é recomendado buscar o apoio de um profissional, como um psicólogo, que poderá auxiliá-lo no processo de transformação.