Uma pesquisa inédita realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social) traz dados reveladores sobre a riqueza no Brasil, focando nos 1%, 0,1% e 0,01% mais ricos do país. Em outras palavras, isso quer dizer quem é rico e super rico no Brasil, com dados da Receita Federal.
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Os resultados indicam um retrato mais realista da situação dessas parcelas abastadas da população, revelando que os valores previamente estimados eram subestimados. De acordo com a pesquisa, o 1% mais rico tem renda média pessoal de R$ 27 mil, enquanto 0,1% ganha acima de R$ 95 mil por mês. Já o grupo restrito de 0,01% dos brasileiros mais ricos possui um patrimônio estratosférico de R$ 151,5 milhões por pessoa.
Esses números foram possíveis graças à união da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) com os dados do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF).
O estudo revelou que metade do patrimônio desses grupos de ricos é composto por imóveis, enquanto a outra metade inclui carros, ações e outros ativos. No entanto, obter informações detalhadas sobre os mais ricos não é tarefa fácil, pois as entrevistas realizadas pelo IBGE esbarram em limitações para alcançar as classes mais altas da população.
Grupo rico e super rico está concentrado
“Considerando os dados mais recentes do Censo Demográfico de 2022, divulgados no fim de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o 1% da população representa pouco mais de 2 milhões de pessoas”, diz o coordenador da pesquisa, Marcelo Neri. “E o 0,1% equivale a 203 mil pessoas, o suficiente para lotar o Maracanã nos áureos tempos do estádio (hoje, esse limite é de cerca de 80 mil torcedores)”, pontua.
A pesquisa também mostrou a concentração dos ricos em diferentes regiões do país. Entre as unidades federativas, a maior renda média geral foi encontrada no Distrito Federal, com R$ 3,7 mil, enquanto o maior patrimônio líquido médio por pessoa, de R$ 411,4 mil, foi em São Paulo. Tratam-se da unidade onde está a capital do país, bastante influenciada pela política e funcionalismo público, e do estado com a capital mais populosa da América do Sul, respectivamente.
No caso das capitais, Florianópolis (SC) registrou a renda média mais alta do país, com R$ 4,2 mil e a capital paulista o maior patrimônio médio, de R$ 698 mil.
Esses dados fazem parte de um desdobramento da pesquisa “O Mapa da Riqueza”, anteriormente divulgada em fevereiro pelo FGV Social, que revelou a grande desigualdade social no Brasil e o impacto negativo da pandemia na renda da classe média.
Com a utilização do IRPF, os pesquisadores puderam obter informações mais precisas sobre a riqueza dessas elites econômicas, proporcionando um panorama mais claro e realista da situação dos ricos e super ricos no país. Antes do estudo inédito, os valores considerados eram os da Pnad Contínua, do IBGE, que trazia renda média pessoal de R$ 16 mil para o grupo 1% mais rico e de R$ 31 mil para o núcleo 0,1% mais rico. Como visto, os valores estavam defasados.