Após anos de prejuízos líquidos, a empresa de espaço de coworking WeWork está prestes a declarar falência. A companhia, que já foi avaliada em US$ 47 bilhões (cerca de R$ 230,2 bilhões), corre o risco de deixar de existir em breve.
A empresa informou que teve prejuízo líquido de quase US$ 700 milhões (R$ 3,4 bilhões) no primeiro semestre de 2023, conforme um documento enviado à Securities and Exchange Commission (SEC). Nos três anos anteriores, as perdas líquidas somaram US$ 10,7 bilhões (R$ 52,4 bilhões).
“Nossas perdas e fluxos de caixa negativos das atividades operacionais levantam dúvidas substanciais sobre nossa capacidade de continuar operando”, informa a WeWork no documento. Em 30 de junho, as dívidas de longo prazo da companhia chegaram a US$ 2,9 bilhões (R$ 14,2 bilhões).
Segundo a WeWork, será preciso considerar alternativas como vender ativos, reduzir atividades comerciais e “obter alívio sob o código de falências dos EUA” caso a situação não melhore. Os papeis da empresa há vários meses estão cotados abaixo de US$ 1, tendo batido cerca de 21 centavos de dólar recentemente.
No comunicado divulgado na última terça-feira (8), a empresa informou que elevou sua receita no segundo trimestre em 4% frente ao ano anterior, acrescentando que está focada em ampliar adesões, otimizar os termos de seu portfólio imobiliário e reduzir custos operacionais. Os dados mostram que 777 unidades em todo o mundo estão ocupadas em volumes do pré-pandemia.
Ascensão e queda
Criada em 2010, a WeWork já virou tema de livros, trabalhos acadêmicos e até um documentário e uma minissérie de ficção da Apple TV. O mercado assistiu à ascensão e queda de um modelo de negócios considerado pouco revolucionário: alugar um escritório, enchê-los de pufes e mimos e voltar a alugá-lo.
No entanto, a fama da empresa atraiu muitos investidores, que hoje se consideram tolos.
Após uma série de erros e gastos além da conta, o CEO e cofundador da marca, Adam Neumann, renunciou ao cargo em 2019. Os problemas da empresa que foi chamada por seu criador de “a primeira rede social física do mundo” ficaram ainda mais graves durante a pandemia, quando muita gente preferiu ficar em casa.
Segundo a empresa de serviços imobiliários JLL, as vagas de escritórios nos Estados Unidos aumentaram mais de 20% no começo de 2023. Já os valores desses locais caiu 45% em 2020, sem previsão de recuperação nos próximos anos, conforme dados da Universidade de Columbia.