Cerca de 72% dos comerciantes acreditam que a limitação do número de parcelas sem juros no cartão de crédito resultará em queda nas vendas. O levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva ouviu donos comércios formais e informais, com faturamento de até R$ 5 milhões, das cinco regiões do Brasil.
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Os debates acerca da redução do número de parcelas isentas de juros são promovidos pelo Banco Central em parceria com varejistas, instituições financeiras e operadoras de cartões de crédito. A ideia inicial é limitar ao máximo de 12 vezes o parcelamento sem taxas.
Redução no volume de vendas
Na visão do presidente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), José Roberto Tadros, muitos clientes podem adiar ou reduzir suas compras caso a medida seja adotada. “Isso pode resultar em uma diminuição da frequência de compra e uma redução nos volumes de transações para os comerciantes”, avalia.
O parcelamento sem juros é um grande incentivo para as compras, além de ampliar o ticket médio dos comerciantes, já que atrai os consumidores que desejam diluir o valor ao longo dos meses.
“Quaisquer restrições a essa forma de pagamento terão enormes implicações no consumo de bens duráveis, por exemplo. Haveria um problema econômico de grandes proporções”, completa o especialista.
Outra pesquisa do Instituto Locomotiva revelou que 77% dos consumidores afirmam que comprariam menos se não pudessem parcelar em tantas vezes sem juros. O percentual representa cerca de 117,8 milhões de pessoas.
Juros do cartão de crédito
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, declarou em fevereiro que a redução do número de parcelas sem juros no cartão está atrelada a uma possível queda no teto de juros do cartão de crédito.
“A discussão do parcelado sem juros e o limite dos juros no cartão de crédito andam de mãos dadas no Brasil”, afirmou na ocasião.
A proposta de limitar o parcelamento gratuito está em negociação com o setor privado, disse presidente o Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Para tentar baixar os juros do rotativo, o BC também defende a criação de um teto para a tarifa cobrada pelo uso das “maquininhas”.