Se você cresceu acreditando que ter um alto Quociente de Inteligência (QI) significava ser o mais inteligente da sala, talvez seja hora de repensar essa noção. Em um mundo repleto de genialidades diversas – desde a capacidade de criar uma sinfonia a habilidades extraordinárias em matemática -, resumir a inteligência a um simples número pode ser, no mínimo, reducionista.
Leia também: 5 hábitos que mulheres de QI alto têm em comum. Quais são os seus?
A discussão em torno do QI e sua relação com a inteligência não é recente. Na verdade, tem sido um tópico de debate fervoroso na psicologia e educação por décadas.
Mas por que tanto alarde?
Bem, inicialmente, o QI foi concebido como uma ferramenta para avaliar capacidades cognitivas, frequentemente associado à noção de “superdotação“. Contudo, conforme a pesquisa avança, fica evidente que a superdotação não é apenas um número alto em um teste.
E por falar em pesquisa, um teste desenvolvido pelo neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, em parceria com instituições de ponta na França e EUA, pretende identificar predisposições genéticas ao QI logo no nascimento. Parece fantástico, não é?
Conforme Abreu Agrela explicou: “Tem que ser levado em consideração fatores ambientais, mas também fatores específicos relacionados à saúde mental do indivíduo analisado”. Assim, embora sua pesquisa possa apontar genes associados ao “alto QI”, a definição de inteligência não se encerra aí.
Veja, por exemplo, o recente destaque de dois jovens brasileiros aceitos na prestigiada Infinity International Society após registrarem altas pontuações em testes de QI. Enquanto números como esses são impressionantes, especialistas em educação e desenvolvimento humano argumentam que há muito mais na inteligência do que os resultados de um teste.
Como Clarissa Maria Marques Ogeda, da Universidade Estadual de São Paulo, mencionou: “o QI é um indicador importante, mas não único, de inteligência, não sendo recomendado pela literatura seu uso de maneira isolada, na avaliação”.
Um mito popular diz que aqueles com altos QIs, como o físico Albert Einstein, são predestinados a trajetórias extraordinárias. No entanto, um alto QI não garante sucesso constante. Ogeda ressalta que pessoas superdotadas podem enfrentar falhas, como qualquer um de nós. “Temos de ter em mente que nenhuma condição é impeditiva para a ocorrência da superdotação”, disse ela.
Um ponto interessante a se considerar é o “Efeito Flynn”, observado pelo psicólogo James Flynn, que apontou um aumento no QI médio da população ao longo das gerações.
O motivo? A combinação de fatores, incluindo acesso à educação e melhores condições de vida. Porém, a inteligência, seja ela genética ou adquirida, é moldada, influenciada e aprimorada por nossos ambientes, experiências e, claro, pela educação.
Como disse Clarissa Ogeda, promover um ambiente que incentive o desenvolvimento de habilidades cognitivas e artísticas é crucial. Afinal, mais do que um número ou um gene, a inteligência envolve diversas capacidades, talentos e habilidades.