O uso de adoçantes em substituição ao açúcar tem sido amplamente discutido devido aos potenciais efeitos na saúde. Um estudo recente, publicado na revista Nature em setembro, oferece novas perspectivas sobre o assunto.
A pesquisa, conduzida pelo Instituto de Ciências Weizmann, em Israel, desafia a ideia comum de que os adoçantes são completamente inofensivos.
Os resultados revelaram que ratos alimentados com sacarina apresentaram intolerância à glicose após 11 semanas, sugerindo riscos de distúrbios metabólicos.
O referido estudo também indica que os adoçantes podem causar alterações na microbiota intestinal, organismo responsável por ajudar na digestão e na saúde do trato gastrointestinal.
Além dos testes com ratos, dados de um estudo clínico com quase 400 pessoas mostraram uma possível ligação entre o consumo de adoçantes e sinais de distúrbios metabólicos, como aumento de peso e menor eficiência na metabolização da glicose.
O papel dos adoçantes na saúde ainda gera debate – Imagem: Freepik/Reprodução
Adoçantes: aliados ou vilões?
O médico nutrólogo Matheus Azevedo destaca, em colaboração com o Canaltech, que os adoçantes podem ser úteis para diabéticos, obesos e pessoas com resistência à insulina, pois ajudam no controle da glicemia e do peso.
Contudo, devem ser usados com moderação para evitar efeitos adversos, como mudanças na microbiota intestinal e aumento de apetite.
Vale a pena substituir açúcar por adoçante?
A decisão de substituir o açúcar por adoçantes deve ser personalizada. Azevedo sugere que os adoçantes podem auxiliar no controle do peso e da glicemia, além de combater cáries.
Em especial, adoçantes como o xilitol previnem o crescimento de bactérias associadas às cáries.
Tipos de adoçantes: naturais e artificiais
Os adoçantes dividem-se entre naturais, como Stevia e Eritritol, e artificiais, como Aspartame e Sacarina. Cada tipo tem suas propriedades e riscos.
Por exemplo, o aspartame deve ser evitado por indivíduos com fenilcetonúria, enquanto a sucralose pode alterar a microbiota intestinal.
Riscos associados
O consumo de adoçantes pode levar a alterações na microbiota, efeito rebote no apetite e potenciais impactos metabólicos.
Azevedo ressalta que, embora a relação com o câncer não seja significativa, pessoas com histórico familiar devem ser ainda mais cautelosas.
Segurança dos adoçantes
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) e outras entidades do setor garantem a segurança dos adoçantes, afirmando que são opções seguras para reduzir a ingestão de açúcar.
Essas entidades também destacam que os adoçantes podem oferecer benefícios cardiometabólicos se utilizados em vez de produtos açucarados.
Apesar das preocupações levantadas por estudos independentes, a ABIAD reafirma que os adoçantes são benéficos quando consumidos conscientemente. A busca por uma dieta equilibrada continua a ser a melhor estratégia para uma vida saudável.