A Caixa Econômica Federal está apenas aguardando a autorização do Banco Central para anunciar uma nova medida referente ao crédito imobiliário: uma redução de até 31,5% dos juros cobrados em financiamentos imobiliários. Por possuir mais de 70% do crédito habitacional em todo o país, é possível que a medida implantada pela Caixa derrube as taxas de outras instituições para possibilitar a competição.
Segundo a direção da Caixa e sua equipe econômica, o anúncio deve ser feito ainda na próxima semana. O intuito é de alinhar a medida à uma provável redução da taxa básica de juros da economia, Selic, que está em 6,5% ao ano. A finalidade do banco com a redução dos juros é estimular novos empréstimos. A partir daí, possibilitar a emissão de novos títulos imobiliários.
Entretanto, o Banco Central ainda está avaliando o pedido de mudança das taxas feito pela financeira. Dessa forma, se aprovada, a nova medida será válida apenas para os novos contratos. Com isso, não será possível migrar de um modelo de contrato para outro.
O que muda com a nova medida?
Os contratos de financiamento habitacional utilizam a Taxa Referencial (TR) para sua construção. Atualmente, os bancos cobram um valor adicional que varia entre 8,5% até 9,5%. Com a nova mudança, os contratos da Caixa serão reajustados de acordo com a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De acordo com o IBGE, o índice da inflação deverá fechar em 3,82% em 2019.
Entretanto, a taxa adicional ainda está sendo discutida pela Caixa. A expectativa é que ela varie entre 2% a 3%. Ao somar os juros cobrados, o modelo pela TR acumula 8,5%, enquanto o modelo pelo IPCA acumula 5,82%. Já em relação as taxas cobradas, pela TR o valor acumulado é de 9,5% e o IPCA resulta em 6,82%.
Além disso, os clientes da Caixa ou cidadãos que possuam uma boa avaliação em órgãos de proteção ao crédito arcarão com menores juros. Ou seja, o valor total dos juros sofrerá um corte entre 28% e 37,5%, frente ao modelo vigente.
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Caixa visa a securitização
Com as novas mudanças, a Caixa possui o intuito de reduzir a taxa de juros ao realizar a troca do indexador dos contratos. Com isso, será possível utilizar o fluxo dos pagamentos como garantia para a emissão de títulos a serem negociados no mercado. Esse processo é conhecido como securitização.
Dessa forma, o banco poderá conceder novos financiamentos e amortizar o custo com a venda dos títulos. De acordo com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, a financeira poderá emitir até R$ 100 bilhões em papéis lastreados com os financiamentos imobiliários. Assim, no primeiro ano da medida, o número de papéis chegaria a R$ 10 bilhões.
Com essa ação, os cálculos realizados pela Caixa indicam que a instituição pode dobrar sua carteira de crédito habitacional. Assim, ultrapassaria os R$ 449 bilhões atuais para cerca de R$ 1 trilhão.
Para evitar possíveis riscos, a Caixa securitizará apenas os financiamentos que possuem um baixo índice de inadimplência. Desse modo, contratos como o do Minha Casa Minha Vida não farão parte do novo ajuste.
Iniciativa está alinhada ao novo governo
A nova iniciativa da Caixa está alinhada ao plano estratégico do governo de restabelecer a economia do país. O setor da construção é um dos principais sensores da atividade econômica do Brasil, visto que contrata diversos trabalhadores quando está em boa situação financeira.
Até então, a Caixa havia divulgado apenas uma redução de 1,25 ponto percentual nas taxas de juros referente aos financiamentos imobiliários disponibilizados com os recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), o que corresponde a cerca de 40% do total de financiamentos.
Além disso, houve também a renegociação de dívidas dos cidadãos, o que possibilitou até 90% de desconto nas taxas de juros cobradas. Com essa campanha, mais de 2,3 milhões de pessoas foram beneficiadas. Dessa forma, a redução dos juros é considerado uma medida revolucionária no âmbito imobiliário.