O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) emitiu uma nota nesta segunda-feira, 12, alertando sobre as dificuldades pelas quais o quadro de pessoal está passando. Segundo o comunicado, entre 2008 e 2018 cerca de 2.400 servidores deixaram o órgão.
Essa perda representa, nada menos, que um terço o quadro de servidores. E as previsões para o próximo ano não são animadoras. Isso porque aproximadamente um terço dos funcionários do quadro atual poderão se aposentar em 2019.
“Se parte das aposentadorias se realizarem, não é improvável que cheguemos a meados de 2019 com bem menos de 4.000 funcionários”, declarou o presidente do IBGE, Roberto Olinto Ramos. Essa redução pode gerar graves impactos, ameaçando todo o plano de trabalho do IBGE, incluindo o Censo 2020, que encontra-se na fase de planejamento.
Tendo em vista a situação de “crise” – palavra usada na própria nota -, o Instituto, durante esta semana, vai buscar junto ao Congresso Nacional emendas para contratar 1.800 servidores. Além disso, solicitou apoio de empresas públicas e privadas, pesquisadores, associações e da sociedade em geral para buscar a aprovação dessas emendas.
Um trecho da nota diz que “as reposições feitas por alguns concursos e as reorganizações técnicas, administrativas e tecnológicas ocorridas ao longo desse período procuraram reduzir as perdas, mas agora, diante da severidade da redução do quadro de servidores, somente um novo concurso público poderá resolver essa situação-limite”.
Impactos da falta de servidores no IBGE
A falta de concursos públicos para o órgão, e a impossibilidade de contratar funcionários efetivos, provoca uma série de problemas. A falta de pessoal, inclusive, resulta no fechamento de agências do órgão. Hoje, das 583 agências, 232 operam com dois servidores, enquanto 61 agências contam com apenas um servidor, correndo o risco de fechar nos próximos meses.
Nos últimos quatro anos, 16 agências fecharam as portas em função da impossibilidade de substituir servidores que se aposentaram .
De acordo com o diretor executivo do IBGE, Fernando Abrantes, o fechamento das agências “eleva custos de deslocamento e atrasos nos cronogramas de coleta, além de dificultar a ampliação territorial de pesquisas, como o IPCA”.
Além do fechamento das agências pelo déficit funcional, outro ponto que preocupa é o Censo Demográfico 2020. De acordo com a nota ele está “ameaçado” em virtude das aposentadorias previstas e falta de pessoal.
Desde 2017 o IBGE já fez inúmeras tentativas de recompor o quadro de servidores. Contudo, “não foram concedidas autorizações para os pleitos apresentados”.
Concurso IBGE 2019: Pedido em análise
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística encaminhou ao Ministério do Planejamento pedido para realizar concurso com 1.800 vagas. Destas, 1.200 são para técnicos, cuja exigência de escolaridade é ensino médio. A remuneração prevista para o cargo é de R$ 3.890,87.
As outras 600 são destinadas a postos de analista, que tem ensino superior completo como requisito de escolaridade. Os vencimentos iniciais são de R$ 8.123,07.
Pra o Censo 2020, são aguardadas ao menos 250 mil vagas temporárias. O provimento deve ser feito nas funções de recenseadores, agentes regional e administrativo, agentes municipal e de informática e agente supervisor.
Importante lembrar que a falta de servidores efetivos tem impacto direto no trabalho do Censo. Os funcionários do quadro de pessoal do IBGE são responsáveis pelo treinamento dos temporários, e outras atividades da pesquisa.