O saque imediato das contas ativas e inativas do FGTS se iniciaram nesta sexta feira (13), possibilitando a retirada de até R$ 500 de cada conta. Já no próximo mês, os trabalhadores poderão escolher retirar ou não pelo saque aniversário, autorizando a retirada anual de parte dos recursos do fundo.
Contudo, a rentabilidade das contas do FGTS que se demonstrava muito baixa, sofreu um aumento. Sendo assim, todo o lucro do fundo será distribuída entre os cotistas, fazendo com que o FGTS se torne a aplicação de renda fixa mais rentável no mercado. A Taxa Referencial (zerada atualmente) mais o porcentual de 3% ao ano continuarão sendo pagas aos cotistas. A mudança foi referente ao porcentual do lucro distribuído, anteriormente de 50%, para 100%.
O lucro do FGTS é proporcionado pelo financiamento de obras para o financiamento de programas na construção civil, como o Minha Casa Minha Vida. Além disso, os recursos são direcionados também para projetos de saneamento e infraestrutura.
Taxa Selic e Rendimento do FGTS
O baixo rendimento do FGTS era devido a alta da taxa Selic, com pico de 14,25% em 2015 e 2016. Assim, quando a Selic aumenta, o FGTS concorre com as demais aplicações de renda fixa, que ofertam uma maior rentabilidade para o trabalhador.
O rendimento do FGTS está atrativo atualmente devido a baixa taxa básica de juros. A rentabilidade do fundo não é atrativa, visto que só está maior que as demais aplicações de renda fixa devido ao baixo rendimento do Tesouro Direto e CDBs.
De acordo com o professor do Insper, Michel Viriato, o recomendado é manter os valores no fundo enquanto a Selic se mantiver menor que 8% ao ano. Ao observar a taxa de lucro dos últimos anos, é esperado que o lucro não caia muito, visto que maior parte dos recursos são destinados aos financiamentos de longo prazo.
Entretanto, é preciso ficar atento a falta de liquidez do FGTS. Ao não optar pelo saque imediato e saque aniversário, os recursos só poderão ser retirados nos demais casos já previstos em lei, como compra do imóvel próprio, demissão sem justa causa, entre outros.
Devido a isso, manter o dinheiro nas contas do FGTS terá a mesma função de uma poupança de longo prazo. Sendo assim, a opção é considerável para quem já possui uma reserva de emergência e não deseja correr risco em aplicações financeiras.
Risco de Demissão e os Saques Autorizados
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, apenas 52% dos trabalhadores pretendem realizar o saque imediato e somente 27% pretende aderir ao saque aniversário. A baixa adesão no caso do saque aniversário é devido ao impedimento de saque do recurso total do fundo em cado de demissão, tendo direito apenas a multa de 40% dos recursos.
Contudo, Leandro Loiola, planejador financeiro CFP da Planejar, afirma que o receio de ficar desempregado não deve interferir na decisão de retirada do fundo. Para ele, manter o dinheiro no fundo é equivalente a não possuir a quantia, visto que a retirada só é possível em casos específicos.
Além disso, Loiola ainda afirma que deve ser levado em consideração a necessidade dos recursos. Em relação a rentabilidade, no saque aniversário só será possível retirar uma parcela anual. Sendo assim, o restante da quantia continuará rendendo nas contas.
Veja também: Projeto de Lei prevê saque do FGTS para quem pedir demissão.
Situações recomendadas para Saque
Para Leandro Loiola, há algumas situações nas quais é recomendado que o trabalhador retire seus recursos das contas do FGTS. São elas:
Reserva de Emergência
Caso o trabalhador não tenha uma reserva financeira para gastos imprevistos, é indicado a realização do saque dos recursos. Com isso, é possível evitar o risco de cair no cheque especial e juros rotativos em caso de situação imprevistas. Em caso de perda de renda, o trabalhador poderá a criar sua reserva fora das contas do fundo ou deixar o dinheiro depositado com esse motivo.
Pagamento de Dívidas
Por mais que a rentabilidade do FGTS tenha aumentado, ainda assim ela não cobre as taxas de juros cobradas no país. Isso ocorre devido a remuneração do FGTS ser anual, enquanto a cobrança de juros ocorre mensalmente.
Sendo assim, é recomendado que o trabalhador realize o saque de até R$ 500 e opte pelo saque aniversário para dar início a quitação da dívida. Com isso, Loiola acredita que é o primeiro passo para uma melhor organização financeira do consumidor.
Investimento da quantia
Para os trabalhadores que já possuem uma reserva de emergência, a retirada dos recursos só é recomendada em caso de aplicação da quantia em um investimento que renda mais que a nova remuneração do FGTS. Para isso, o trabalhador deverá investir em aplicações de renda variável e fundos multimercado, como exemplo.
Entretanto, é preciso ter ciência de que a maior rentabilidade poderá não ser atingida. Além disso, é previso que o trabalhador tenha dedicação e habilidade para achar esse tipo de aplicação. A medida não é indicada para quem possui um perfil conservador e não se sente confortável para investir em fundos mais arriscados.
Dessa forma, a melhor solução é manter os recursos no FGTS, visto que o rendimento é comparável a um título no Tesouro Selic, já que é isento do Imposto de Renda.