De acordo com o secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, estão sendo preparadas novas medidas de estímulo ao crédito com o intuito de movimentar a economia em 2020. A decisão é vista com bons olhos por economistas, sobretudo diante da desaceleração global atual.
Na última quarta-feira, 4, em entrevista à GloboNews, Rodrigues afirmou que um dos pontos visados pelo governo tem como alvo o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A ideia é abrir a modalidade de crédito consignado tendo os recebíveis do Fundo como garantia, a exemplo, o saque-aniversário.
Com o crescimento do PIB em 1,1% no ano passado, valor abaixo da expectativa de 2%, as medidas se fazem necessárias. De acordo com o secretário, o plano incentivaria o mercado de crédito consignado que, ainda hoje, é inferior ao do setor privado. Enquanto primeiro movimenta R$ 17 bilhões, o segundo atinge quase o dobro, R$ 30 bilhões.
Crise mundial
Divulgado na última quarta-feira, 4, o resultado do crescimento de 1,1% do PIB foi recebido de forma positiva pelo governo e setores econômicos. Contudo, é preciso ter em mente que há possibilidades de queda no crescimento em razão da epidemia causada pelo coronavírus.
O efeito negativo da doença reduziu as previsões de crescimento doméstico dos últimos meses. Atualmente, a expectativa é de 2,17% de aumento do PIB para este ano, segundo o boletim do Banco Central.
Contudo, economistas de mercado têm opiniões mais pessimistas, com expectativas abaixo de 2%. A explicação está na diminuição das atividades que produzem matérias-primas intermediárias na China, epicentro do surto. Peças importadas pelo Brasil para a produção de diversos itens, como eletrônicos, podem começar a se tornar escassas com o passar dos meses, comprometendo o setor de indústrias no país.
Estagnação
Em um cenário com expectativas de baixo crescimento, o levantamento do BC ainda aponta uma estagnação da riqueza do brasileiro durante a próxima década. A situação só seria contida se houvesse um aumento de 10% do PIB em 2020; fato histórico ocorrido apenas em 1976.
De acordo com o economista Marcel Balassiano, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Fundação Getúlio Vargas), o resultado de 2019 só mantém o crescimento médio de 0,7% ao ano, presente desde 2011. Caso a previsão de 2,17% do relatório Focus se concretize, esse número pode subir para 0,8%. Resta apenas esperar.
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