O Nubank anunciou que teve um prejuízo líquido de R$ 312 milhões em 2019. No primeiro semestre deste ano, os números também vieram no vermelho, em R$ 95 milhões, embora tenha sido um percentual menor que o rombo de R$ 139 milhões registrado no mesmo período do ano passado. Mas afinal, os clientes da instituição devem se preocupar com esses números?
No momento não. Até porque desde que foi fundada, em 2013, a fintech ainda não deu lucro. Inclusive a primeira queda significativa no prejuízo líquido aconteceu entre janeiro e junho de 2020, durante a pandemia do novo coronavírus. “Se você olha para o cenário de pandemia, como o que estamos passando, isso é realmente um feito”, explica Bruno Diniz, especialista em fintechs e co-fundador da consultoria Spiralem, em entrevista ao Estadão.
O especialista ainda afirma que ter prejuízo, mesmo que milionário, não é um indicador ruim para a instituição bancária. Muitas vezes pode ser até um reflexo da estratégia da empresa, que sacrifica o lucro no curto prazo para conseguir expandir a empresa e se blindar da concorrência externa, como explica Diniz.
Expansão do Nubank
Apesar dos resultados negativos, o banco digital dobrou o número de clientes em 12 meses, entre junho de 2019 e junho de 2020, para 26 milhões. Além disso, a instituição teve um crescimento de 54% no volume de transações, e os recursos em caixa chegaram a R$ 19,9 bilhões.
Por esse motivo, a fintech afirmou em nota que sua estratégia tem dado certo: “o prejuízo é uma decisão e, por isso, esperado como parte da estratégia de crescimento no momento. Escolhemos investir na empresa, nas pessoas e no desenvolvimento de novas tecnologias para continuar entregando a melhor experiência aos nossos clientes.”
Por ser um banco digital, as fontes de receitas do Nubank são mais limitadas, já que são feitas menos cobranças pelos serviços ofertados. Atualmente, a fintech ganha mais dinheiro com cerca de 1/3 do ‘interchange’, taxa de 5% cobrada a cada transação que um cliente faz utilizando o cartão de crédito. Os juros gerados quando um usuário atrasa o pagamento da fatura do cartão de crédito também são fonte de receita.
Segundo Diniz, o Nubank se financia principalmente através de captação feita por fundos de venture capital, que captam dinheiro para startups. Contudo, será necessário ampliar o leque de produtos financeiros para tornar a fintech sustentável, como conclui o especialista: “A partir do momento que a empresa ganhar mais escala, vai ter que ampliar as ofertas financeiras para estabilizar os prejuízos e alcançar lucros”.
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