O governo do Brasil decretou o pagamento do auxílio emergencial em meio à crise do coronavírus como forma de responder às medidas de restrição que deixaram milhares de brasileiros sem renda. Visando impulsionar o consumo, foram distribuídas cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300, entre os meses de abril e dezembro deste ano.
O benefício emergencial chegou a mais de 68 milhões de pessoas, acarretando em gastos na casa dos R$ 250 bilhões.
Na quarta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a sinalizar que o auxílio seria estendido para 2021. “O auxílio emergencial, que ajudou na recuperação (econômica), será removido em 31 de dezembro”, afirmou o ministro durante o Asia Summit, fórum anual que conta com a presença de líderes do Leste Asiático.
Para Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos, “a demanda tende a cair de forma generalizada com o fim do auxílio”. Na esteira do fim do benefício em 2021, o desemprego segue alto, com a taxa e desocupação chegou a 14,4% no final do terceiro trimestre de 2020, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Sinais de queda para Magalu (MGLU3), Via Varejo (VVAR3)
A expansão da demanda devido ao auxílio não deve ser repetida pela esperada recuperação econômica em 2021, uma vez que a retomada será gradual, em um cenário de menos dinheiro circulando a curto prazo após a retirada do auxílio.
Especialistas acreditam, por esse motivo, que empresas associadas ao consumo devem ficar atentas. Embora haja expectativa positiva para o Ibovespa em 2021, muitos ativos podem ter seus ganhos limitados e não replicar o avanço do índice de referência.
“No curto prazo, a recuperação do emprego não vai ser capaz de cobrir toda essa parcela de pessoas que receberam o benefício”, avaliou o analista de research Ricardo França, da Ágora Investimentos.
As ações mais impulsionadas durante a pandemia pelo pagamento do auxílio serão as mais impactadas nesse quadro.
O sócio da Acqua Investimentos destacou que o movimento já pode ser visto em Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3). O argumento de Musa é que o mercado sempre antecipa os fatos e dois ativos registram desvalorização desde novembro, quando as primeiras notícias do fim do benefício foram divulgadas.
“Estas companhias têm altas expressivas no ano e já começaram a cair, entre outros motivos, pelo fim do auxílio”, disse o executivo.
De novembro até a última terça-feira, 15, MGLU3 e VVAR3 recuaram 0,08% e 0,82%, a R$ 24,61 e R$ 17,02, respectivamente. Já o Ibovespa disparou 23,62% em igual período.
Ambev (ABEV3) também deve recuar
França destaca que, além dos papeis citados, as ações da Ambev (ABEV3) devem perder fôlego, e que “2021 será um ano com cenário desafiador para a empresa”. A Ambev se beneficiou de um aumento na venda de cerveja, atribuído pelo analista da Ágora ao auxílio emergencial.
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