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Auxílio de R$ 250 pode sair mais caro do que de R$ 600, afirma epidemiologista

Professor de Epidemiologia da UFRJ acredita que benefício com um valor maior manteria a população em casa e reduziria a circulação do vírus.



A pandemia do novo coronavírus continua afetando profundamente o Brasil, com o aumento do número de casos levando à adoção de cada vez mais medidas para restringir a circulação de pessoas. Na visão de Roberto Medronho, epidemiologista e professor da UFRJ, o Estado precisa garantir condições para que os cidadãos permaneçam em casa.

Nesse sentido, o especialista acredita que a redução no valor do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 250 pode ser uma decisão ruim a longo prazo.

“Dar um valor adequado ia ter impacto econômico agora, mas esse impacto seria muito mais rapidamente recuperado com a volta à normalidade do que um valor baixo de auxílio, que terá muito menos impacto na permanência de pessoas em casa e, consequentemente, o vírus vai continuar circulando. Talvez vá sair mais caro dar R$ 250 do que dar R$ 600, mas essa é a opinião de um médico epidemiologista”, avaliou.

“A principal missão é salvar as vidas. Eu costumo sempre citar o artigo 196 da Constituição Brasileira, que diz claramente que saúde é um direito de todos e um dever do Estado, feito mediante políticas econômicas e sociais que reduzam o risco de doença”, acrescentou.

Para apoiar sua crença, Medronho citou um estudo da Federal Reserve que comparou a recuperação econômica entre estados norte-americanos durante a Gripe Espanhola. “Os que adotaram as medidas de isolamento e o uso obrigatório de máscaras saíram mais rápido da crise econômica dos que os que não adotaram medidas dráticas porque diziam que não poderiam deixar a economia entrar em colapso e, por isso, não mandariam que as pessoas ficassem em casa”, contou.

Sistema notificação ineficaz

Segundo o epidemiologista, o método adotado para notificar o número de novos casos e mortes diárias no país é ultrapassado e ineficaz. “Nós temos um sistema excelente, mas ainda na era de neanderthal. Muitos têm que preencher um papel, uma ficha de notificação que vai para o nível central, para alguém, em algum momento, digitar. Não tem como isso acontecer desta maneira quando você poderia descentralizar e cada médico e enfermeiro que estivesse suspeitando de um caso poderia fazer uma notificação”, explicou.

De acordo com ele, o Brasil precisa criar um sistema de informação com mais transparência nos dados para que a população acompanhe o que está acontecendo em sua comunidade.

“Nós temos que sair desta pandemia com um Sistema de Informação que diga em tempo real o que está acontecendo em minha comunidade. Óbvio que guardando sigilo e altamente seguro para que ninguém invada este sistema”, concluiu.

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