Um feito inédito está dando o que falar na comunidade médica. Pela primeira vez, um rim de um animal foi transplantado para um ser humano com sucesso. No caso, o rim de um porco não provocou rejeição imediata pelo sistema imunológico do paciente.
Leia também: Questões do diesel e do auxílio emergencial serão resolvidas nesta semana, diz Bolsonaro
O procedimento foi feito no Langone Health, da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos e representa um grande avanço na ciência, uma vez que poderia ajudar a salvar vidas e ainda diminuir a falta de órgãos humanos para transplante.
Não ficou claro quando a cirurgia foi realizada. Segundo a imprensa norte-americana, foi um porco cujos genes haviam sido alterados foi utilizado como doador, para que seus tecidos não contivessem mais uma molécula conhecida por desencadear a rejeição quase imediata.
A receptora foi uma paciente com morte cerebral com sinais de disfunção renal. O experimento foi autorizado pela família antes que ela fosse retirada dos equipamentos de suporte à vida, afirmaram os pesquisadores.
Por três dias, o novo rim foi anexado às veias e artérias sanguíneas da paciente e mantido do lado de fora de seu corpo, garantido acesso aos pesquisadores. Os resultados dos testes de função renal “pareciam bastante normais”, afirmou o cirurgião do transplante e líder do estudo, Robert Montgomery.
“Foi até melhor do que eu acho que esperávamos”, declarou o cirurgião. “Parecia qualquer transplante que eu já fiz de um doador vivo. Muitos rins de pessoas falecidas não funcionam imediatamente [no receptor] e levam dias ou semanas para começar. Esse funcionou imediatamente. ”
Apesar de órgão não ter sido implantado no corpo, problemas com os chamados xenotransplantes – de animais como primatas e porcos – geralmente ocorrem na interface do suprimento de sangue humano e o órgão, onde o sangue humano flui através dos vasos dos suínos, disseram os especialistas ao jornal americano “The New York Times”.
O rim produziu “a quantidade de urina que você esperaria” de um rim humano transplantado e não havia evidências da rejeição precoce notadas quando rins de porco não modificados são transplantados em primatas não humanos.
O fato de o órgão funcionar fora do corpo também é uma forte indicação de que funcionará dentro dele, completou Montgomery.
O animal geneticamente modificado, chamado de GalSafe, foi desenvolvido pela unidade Revivicor, da United Therapeutics Corp e aprovado pelo FDA, agência reguladora de saúde dos EUA, em dezembro de 2020, para uso como alimento para pessoas com alergia à carne e uma fonte potencial de terapêutica humana.
O transplante experimental deve abrir caminho para testes em pacientes com insuficiência renal em estágio terminal – possivelmente no próximo ano ou dois, informou o líder do estudo.
*Com informações de O Globo