Entenda por que está tão caro comer o básico no Brasil

Inflação exorbitante registrada nos últimos meses tem colocado em risco a segurança alimentar dos brasileiros.



Milhões de brasileiros têm enfrentado dificuldades para garantir segurança alimentar durante a pandemia de Covid-19. Com o aumento da inflação no país, a quantidade de comida no prato diminuiu, assim como a variedade de produtos disponíveis nas casas das famílias.

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O óleo de soja, alimento consumido por grande parte da população, disparou cerca de 91,88% em 12 meses. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) também mostram aumentos expressivos no arroz (76%), batata (68%), tomate (53%), carnes (18%), leite (17%), aves e ovos (15%) e pães (6,5%).

Desde os anos 80, a inflação não impactava tanto a alimentação no Brasil. De acordo com uma pesquisa do Datafolha feita com 3.667 moradores de 190 municípios, 67% dos brasileiros reduziram o consumo de carne bovina. Beber refrigerantes e sucos ficou mais raro em 51% das casas, enquanto os laticínios deixaram de ser constantes para 46% da população.

A parcela das famílias que vive com menos dinheiro é a mais profundamente afetada pela inflação dos alimentos. Cerca de 27,7 milhões de brasileiros estavam abaixo da linha da pobreza em abril de 2021, segundo levantamento da FGV. Isso significa que 12,98% da população vivia com renda de até R$ 261 mensais (US$ 49).

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o custo de vida da população de renda alta subiu 3% em 2020, enquanto para classe baixa o aumento foi de 6%. Para a classe média, ficou 4% mais caro consumir.

Quem é o culpado?

A alta da inflação é resultado a uma série de fatores, entre os quais estão o desequilíbrio entre demanda e oferta criado pela pandemia, os valores gastos com programas sociais como o auxílio emergencial, os problemas climáticos, os preços internacionais das commodities e, especialmente, o câmbio.

“O Cepea calculou que o efeito do dólar na explicação do choque não esperado de preços dos alimentos no Brasil, foi, em 2020, cinco vezes maior do que o dos preços das commodities”, explica o coordenador científico da entidade, Geraldo Barros.

A alta no câmbio é resultado da desconfiança sobre o comportamento imprevisível do governo, o que aumenta os riscos de instabilidade e afasta investidores do país. Entre janeiro e dezembro de 2020, a moeda norteamericana subiu 29,33%, e há quem a veja a R$ 6 ainda em 2021.

Além de todos os efeitos citados, a desvalorização do real aumenta os preços dos combustíveis e, como consequência, dos fretes.

No campo da demanda, compensa muito mais para o produtor exportar, o que reduz a oferta dos produtos dentro do país e deixa as cotações ainda mais altas.

“Houve um grande aumento da demanda mundial por alimentos, o que fez com que os preços subissem muito. Além disso, a desvalorização da moeda fez com que os preços dos alimentos aumentassem ainda mais. Desde o início da pandemia, em fevereiro de 2020, os preços das commodities agropecuárias subiram 60%”, explica o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Kfoury.

Para os próximos meses, Kfoury estima novos aumentos de preços, já que a demanda por produtos agrícolas deve continuar crescendo, enquanto a oferta se manterá a mesma.




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