Adeus, carro popular: Por que as montadoras estão eliminando as opções mais em conta?

Aumento nos custos acelerado durante a pandemia leva fabricantes de veículos a deixarem de fabricar modelos populares.



O carro popular é um conceito que pode deixar de existir em breve no Brasil. Atualmente, a maior parte opções mais baratas entre os veículos novos está na faixa dos R$ 70 mil, valor nunca antes registrado. O aumento nos preços é resultado de fatores como a alta no dólar e a escassez de componentes essenciais.

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Enquanto os preços disparam, algumas montadoras deixam de produzir opções mais acessíveis no país. Esse é o caso da Fiat, que tirou de linha a versão Easy do Mobi, até então um dos mais baratos do mercado. Com a a saída do Easy, que custava R$ 57.890, o modelo agora é encontrado a partir de R$ 59.190.

A Chevrolet foi pelo mesmo caminho e encerrou o fornecimento do Joy e Joy Plus, opções mais em conta que o campeão de vendas Onix. Os modelos continuarão sendo produzidos no Brasil, mas apenas para exportação.

Para alguns especialistas, a decisão das fabricantes é resultado da Proconve L7, que estabeleceu novos limites de emissões. Eles afirmam que, do ponto de vista mercadológico, não seria rentável adaptar os veículos para evitar sua aposentadoria.

Saída inevitável

Especialistas também acreditam que a saída de alguns modelos já era prevista, e foi acelerada apenas pela nova regulação. A tendência acentuada durante a pandemia é a procura por carros mais tecnológicos, equipados e caros.

“Não tem jeito. A combinação de alta demanda com pouca oferta tradicionalmente faz com que a indústria elimine os veículos que proporcionam margem baixa e foque automóveis com maior valor agregado, muito mais rentáveis”, explica Flavio Padovan, sócio da consultoria MRD Consulting.

Mais exigências

Para Ricardo Bacellar, sócio fundador da Bacellar Advisory Boards, considerar um carro como popular no Brasil é quase “ofensivo” hoje. “Os carros têm incorporado um volume cada vez maior de exigências regulatórias relacionadas a emissões, eficiência energética e itens de segurança. Isso requer investimentos crescentes em tecnologia e significa que o tempo do automóvel ‘pelado’, ‘pé de boi’, ficou no passado”, avalia.

Na mesma linha de pensamento, Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, afirma que o custo de fabricação de um veículo sem itens básicos de conforto e tecnologia não vale mais a pena.

“Para vender carro básico, este teria de ser muito mais barato do que é atualmente. Com a alta nos preços, os clientes também ficaram mais exigentes. Hoje, não abrem mão de equipamentos como direção assistida, ar-condicionado, travas e vidros elétricos e algum nível de conectividade. Como a qualidade dos automóveis subiu bastante, devido ao acréscimo de itens tecnológicos obrigatórios, a diferença no custo entre um exemplar ‘pelado’ e outro um pouco mais equipado ficou pequena”, explica.

Seguindo a tendência, a Renault anunciou que vai focar suas operações no país para desenvolver e lançar utilitários esportivos. Isso significa que Sandero e Logan, que foram renovados na Europa, não devem ganhar uma nova geração por aqui.




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