A partir desta sexta-feira, 11, uma nova tabela de preços dos combustíveis passa a vigorar no Brasil. De acordo com a Petrobras, os reajustes valerão para a gasolina, o diesel e o gás de cozinha. A alta aplicada será de 18,8%, 24,9% e 16,1%, respectivamente.
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Apesar de os novos valores terem sido repassados aos distribuidores, ainda não se sabe quando eles chegarão às bombas. Segundo a estatal, a variação nos preços, que levou 57 dias desde a última atualização, é uma consequência direta do conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciado em fevereiro.
Com a guerra, o barril do petróleo ficou mais caro, sendo cotado no mercado internacional a US$ 139,38, seu maior valor em 14 anos. Mas não para por aí. A previsão é de que mais aumentos estejam a caminho, que podem fazer o preço subir para US$ 300. Caso isso se concretize, a gasolina brasileira pode saltar de preço e custar até R$ 15 o litro.
Intervenção presidencial
Mesmo com o aumento no preço do barril de petróleo, a Petrobras optou por não realizar o repasse integral dos novos preços globais. A decisão considerou a volatilidade do período de guerra, que impacta o mercado no momento.
A subida mais “leve” também faz parte da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição, tendo em vista quem um avanço significativo nos preços dos combustíveis poderia ter um resultado ainda mais negativo.
Por outro lado, mesmo que o presidente e a Petrobras criem medidas para intervir na subida de preço dos combustíveis, a escolha pode provocar um grande estrago na economia. Dito isso, os caminhos das ações de queda nos preços ficam limitados.
É o que explica André Braz, mestre em Economia e coordenador de Índices de Preços da Fundação Getúlio Vargas. Segundo ele, a ato de não repassar a totalidade dos preços internacional pode gerar consequências à política fiscal e uma possível inocuidade do setor.
“Sempre que não repassamos o valor total, gera-se um prejuízo para a Petrobras e um desequilíbrio em todo o setor. Essa incerteza afasta investidores, que vão buscar países com economias mais sólidas”, diz o especialista.
Por fim, com os reajustes, a previsão também é de subida da inflação de março, que deve aumentar 0,95%. Até abril, o aumento pode chegar a 1,5%, considerando que a manutenção da rigidez no preço do petróleo continue valendo.