A divulgação dos dados do projeto Genoma foi o pontapé da medicina genômica. A partir daquele momento soubemos que a medicina jamais seria a mesma. A possibilidade de decifrar 99% do material genético humano para entender uma diversidade de doenças nos faz entender, a cada dia que passa, que as enfermidades podem apresentar sintomas, evoluções e desfechos diferentes.
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A tecnologia e o conhecimento que estão em constante evolução chegaram para mudar ainda mais o diagnóstico e tratamento de doenças que antes eram consideradas como não tratáveis, o câncer é um exemplo disso.
Diabetes atinge 537 milhões de pessoas em todo o mundo
De forma especial hoje nós queremos falar um pouco sobre a diabetes, a doença que tem atingido cerca de 537 milhões de pessoas em todo o mundo. Desse número, cerca de 16 milhões estão no Brasil.
A doença representa um grande fator de risco para infarto cardíaco e acidente vascular cerebral, além de ser uma das maiores causadoras de cegueira em jovens e adultos com cerca de 20 e 60 anos de idade.
A diabetes é identificada quando o nível de açúcar no sangue está muito elevado, impedindo o funcionamento da insulina, um hormônio que é secretado pelo pâncreas com o objetivo de abrir a porta das células para a entrada da glicose, que é como se fosse o combustível para fazê-las funcionar corretamente. Mas se o sangue não consegue entrar pela porta, ele fica circulando pelo corpo causando muitos estragos.
Tipo 1,5?
É muito comum ouvir as pessoas falarem que tinham diabetes do tipo 1 ou do tipo 2. A do tipo 1 seria congênita e de origem autoimune, significa que as células do sistema de defesa do corpo estão atacando o próprio organismo, tendo como alvo principal as células pancreáticas que produzem a insulina.
Já a do tipo 2, está ligada ao estilo de vida das pessoas, ao sedentarismo e à obesidade. Mas descobriu-se que o gênero 2 pode ser ainda mais complicado do que parece, isso porque ele também pode apresentar o componente autoimune. Ela foi apelidada pelos médicos de diabetes tipo 1,5.
Por causa dessas diferenças, foram criados 5 subgrupos para classificar os pacientes de acordo com os perfis dominantes apresentados, são eles: obesidade, resistência à insulina (o corpo produz, mas o hormônio não cumpre sua função adequadamente), disfunção de insulina (produção insuficiente), traço autoimune e carga genética que favorece o surgimento precoce de complicações típicas da doença, como prejuízos renais e oculares.
Essa classificação altera a forma usada para o tratamento da doença, pois dessa forma é possível tratar exatamente o que está causando as altas taxas de açúcar na circulação sanguínea.
Estudo revolucionário
Um estudo recém-divulgado, conduzido por cientistas franceses, brasileiros, americanos e suecos, analisou, de modo retrospectivo, a resposta de alguns pacientes que possuíam uma severa resistência insulínica e predisposição a graves problemas renais.
As cirurgias foram feitas no Brasil e na França, entre os anos de 2006 e 2017. O procedimento reduz o volume do estômago, provocando mudanças no metabolismo. Com isso, espera-se que os índices de açúcar na corrente sanguínea fiquem mais controlados.
Esse procedimento pode ser realizado em pessoas que tentaram fazer tratamento para diabetes com remédios, mas que não tiveram sucesso com o resultado. Concluiu-se que as pessoas que fizeram a cirurgia, tiveram uma melhor resposta no tratamento e também uma melhora significativa das funções renais.
A pesquisa foi publicada na científica The Lancet Diabetes & Endocrinology, integrante da The Lancet, um dos mais respeitados periódicos científicos do planeta. Na parte de apresentação do artigo, os cientistas escreveram que o trabalho representa um grande passo em direção à medicina de precisão no tratamento da diabetes por meio da cirurgia.
Mas é importante destacar que o princípio fundamental para o sucesso da cirurgia é o diagnóstico correto e depois o reajuste da dose de medicações.