O aumento nos preços dos combustíveis pela Petrobras, que tem gerado constantes críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), fez com que o mandatário se pronunciasse sobre uma possível privatização da estatal de capital aberto. Nas palavras dele, a empresa “não colabora com nada” e “poderia ser privatizada hoje”.
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Soma-se a isso a decisão de substituir o agora ex-presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, pelo economista Adriano Pires. Bolsonaro também chegou a declarar que, em um eventual segundo mandato, o desejo é de privatizar a petroleira. Mas será essa a verdadeira solução para a alta nos preços dos combustíveis?
Privatização da Petrobras fará o combustível cair de preço?
De acordo com Virginia Parente, professora do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), privatizar a Petrobras não resolveria a questão da alta nos preços dos combustíveis. A decisão serviria apenas para isentar o governo da responsabilidade de controlar ou atuar sobre os impactos gerados nos aumentos.
“A chance de piorar [com a privatização] é muito grande porque você vai transferir o monopólio de algo que é do Estado para um monopólio privado, que vai ter uma pauta diferente da do governo”, diz Parentes. A especialista declara ainda que o fato de um dos sócios da Petrobras ser o governo impede que ela exagere na subida de preço dos combustíveis.
Quem também argumenta sobre a privatização, dizendo que ela não seria a solução do problema dos preços, é o professor Eustáquio de Castro, do Departamento de Química da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Para ele, mesmo o governo sendo sócio majoritário da empresa, a Petrobras ainda precisa atender os interesses dos demais acionistas, que buscam por lucro.
“Como não há uma livre concorrência no setor de petróleo, seria a mesma coisa que passar de um monopólio de controle do Estado para um monopólio privado, o que seria até pior. Em países como França e Noruega, por exemplo, as empresas são estatais, talvez por conta disso daí [maior controle dos preços], acrescentou Castro.
Lembrando que a alta nos preços dos combustíveis tem sido pauta recorrente em debates na sociedade, principalmente após a estatal anunciar um novo aumento de 18,8% da gasolina, 24,9% do etanol e 16,1% do gás de cozinha.