Em março, mais famílias viviam com o benefício do Auxílio Brasil do que com a renda de um trabalho com carteira assinada em 13 estados brasileiros. Os dados do Ministério da Cidadania e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência foram compilados pelo G1.
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No Maranhão, a diferença entre a quantidade de beneficiários do programa e empregados em regime de CLT era de 576.411 pessoas, seguido por Bahia (412.290), Pará (332.706), Piauí (241.874), Pernambuco (155.548), Paraíba (188.546), Alagoas (118.974) e Ceará (110.915).
Todos os nove estados do Nordeste e quatro unidades federativas do Norte (Acre, Amazonas, Amapá e Pará) estão na lista. Confira os dados no gráfico abaixo:
Desemprego e dependência
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) oferece uma perspectiva sobre o desemprego no país. Nos três primeiros meses do ano, a taxa de desocupação em 13 estados e no Distrito Federal superou a nacional, de 11,1%. Em 12 deles, o número de beneficiários do auxílio ultrapassa o de trabalhadores CLT.
Os dados possibilitam a criação de um paralelo entre a precariedade do mercado de trabalho e a dependência de programas sociais, afirma Ecio Costa, economista pela Universidade Federal de Pernambuco e pós-doutor em economia pela University of Georgia (EUA).
“É reflexo da pobreza, do desemprego e da informalidade nas regiões Norte e Nordeste, indicando alta dependência do dinheiro público e necessidade de políticas de desenvolvimento econômico regional”, diz.
Um estudo conduzido pelo especialista revela que o Auxílio Emergencial teve peso superior a 30% no PIB de alguns estados, além de ter impactado bastante a vida das famílias que vivem nessas regiões.
“O Auxílio Brasil substituiu o Bolsa Família e vai trazer o mesmo tipo de impacto sobre as famílias e municípios mais pobres no Brasil. Mas, como pode se compreender a partir desse levantamento, o problema é muito maior”, explica costa.
“Políticas de desenvolvimento regional são a solução para resolver essa grande disparidade regional. O Auxílio Brasil atenua no curto prazo, mas a saída precisa vir de políticas que desenvolvam o capital humano, através da educação, e as potencialidades econômicas regionais. Enquanto não se pensar em longo prazo, a dependência de programas sociais será constante”, completa.
Antes da pandemia de Covid-19, apenas 8 unidades federativas tinham mais beneficiários do Auxílio Brasil do que trabalhadores formais. Em fevereiro deste ano eram 12, e em março passou para 13 estados.
Valor médio do programa
Cada família recebeu, em média R$ 408,80 de benefício no terceiro mês de 2022. Os maiores valores médios foram registrados no Acre (R$ 437,75), Roraima (R$ 425,15) e Amazonas (R$ 424,45). Em alguns municípios, o ticket médio chega a ultrapassar a média nacional em 22%.