A Petrobras está avaliando um corte no valor do diesel após reduzir em 4,9% preço da gasolina vendida em suas refinarias. O óleo comercializado no Brasil está entre 2% e 3% mais caro que as cotações registradas no mercado externo.
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Até a última quarta-feira, 20, quando a queda na gasolina foi anunciada, o combustível estava 8% acima dos preços vistos no exterior. Esse percentual representa cerca de R$ 0,30 por litro.
A Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) afirma que a defasagem deixou de existir após o reajuste. “Havia espaço para a redução, devido à queda dos preços no mercado internacional. Do ponto de vista técnico, esse reajuste faz sentido”, explica Sérgio Araújo, presidente-executivo da entidade.
Em nota, a Petrobras afirmou que o corte “acompanhou a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para este produto, e é coerente com a prática de preços, que busca o equilíbrio com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.
Mais cuidado
De acordo com a Abicom, a defasagem média do óleo diesel era de 3% até a última quarta, caindo para 2% na última sexta. A associação acredita que a decisão para acompanhar o mercado internacional ainda não foi tomada por conta da alta volatilidade do diesel.
“Hoje, a possibilidade de uma pequena diminuição no preço do diesel vendido aqui existe, mas é preciso ter muita cautela. Eles não podem se antecipar e, depois, voltar atrás. Ainda há muita incerteza por causa da crise do fornecimento de gás pela Rússia para a Europa”, diz Araújo.
O professor de economia e coordenador do Grupo de Energia e Regulação da UFF (Universidade Federal Fluminense), Luciano Losekann, avalia que as medidas envolvendo o diesel demandam mais cautela por parte da Petrobras.
“É um produto que a gente precisa importar mais, a participação das importações na oferta doméstica é maior, e o mercado está curto, a demanda internacional também é grande. É difícil fazer uma previsão sobre a precificação da Petrobras, levando em consideração que os últimos passos nesse assunto foram influenciados por interferência política”, avalia.
Desabastecimento
A grande preocupação dos analistas neste momento de alta demanda internacional por diesel é com a possibilidade de desabastecimento. “O governo tem falado sobre estoques reduzidos. No mundo todo, há países revendo seus estoques, alguns passaram por desabastecimento, outros estão preocupados com suprimentos. No nosso caso, seria interessante manter a paridade internacional, para estimular a importação e evitar a redução de estoques”, afirma Losekann.
Entre 25% e 30% do diesel consumido no Brasil vem de outros países, o que o deixa em uma posição de dependência. “A partir de setembro, também há um movimento maior, é a época de transporte mais intenso de safra, e a disponibilidade do combustível fica baixa”, prevê o presidente-executivo Abicom.
Ele não acredita em “desabastecimento generalizado”, mas afirma que governo deve prestar atenção aos estoques. “Pode ser que ocorra em um ou outro porto, por alguns momentos, mas vai ser uma coisa pontual”, completa.