Todo mundo já ouviu falar que é bom para uma criança brincar na caixa de areia ou colocar objetos seguros na boca. Tudo isso faz com que ela desenvolva anticorpos para combater bactérias e outros microrganismos no futuro. Por isso, alguns especialistas em infectologia dizem que pode ser saudável se expor a agentes infecciosos em alguns momentos. Isso quer dizer que higiene de mais é ruim? Entenda.
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Até que ponto a higiene pode ser prejudicial?
Existe uma máxima na vida que diz que “tudo tido de exagero tende a ser ruim”. Pensando nisso, é possível deduzir que até mesmo a higiene pode ter um limite para ser considerada 100% saudável. Não é à toa que algumas doenças no passado eram consideradas enfermidades de pessoas ricas.
A revista britânica de homeopatia de 1872 chegou a comentar que “A febre do feno é considerada uma doença aristocrática, e não pode haver dúvidas sobre isso”. A febre do feno é um termo genérico para alergias sazonais ao pólen e outros irritantes transportados pelo ar, hoje em dia ela é mais conhecida como rinite alérgica.
Com essa ideia de que a febre do feno era uma doença aristocrática, os cientistas britânicos estavam no caminho certo ao afirmar que um pouco menos de higiene pode ser bom para a saúde. Afinal de contas, a aristocracia ficava isolada em locais mais limpinhos e sem muito contato com agentes irritantes, o que fez a “febre do feno” ser contraída de modo mais agressivo.
Evolução humana enfrentou agentes mais perigosos
É preciso destacar que os homens primitivos viveram em ambientes bem mais inóspitos do que o ser humano civilizado. As defesas do corpo foram forjadas na base do contato desmedido com todo tipo de microrganismo que pudesse existir na Terra.
Claro que as medidas de higiene também são processos evolutivos que fazem as pessoas viverem mais tempo. Algumas delas são indispensáveis para a sobrevivência, como ficou evidente durante a atual crise sanitária.
Porém, quando a compulsão por higiene se torna quase uma histeria, ela tende a ser prejudicial. Os homens e mulheres precisam se expor a algumas doenças para que o organismo funcione da melhor forma.
Organismo pode reagir de forma severa quando não é treinado
A porcentagem de crianças nos Estados Unidos com alergia alimentar aumentou 50% entre 1997 2011, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças do país. O salto nas alergias de pele foi de 69% durante esse período, deixando 12,5% das crianças americanas com eczema e outras irritações.
As alergias alimentares e respiratórias aumentaram em paralelo com o nível de renda. Mais dinheiro, que normalmente se correlaciona com o ensino superior, significa mais risco de alergia. Isso pode refletir diferenças em quem relata tais alergias, mas também decorre de diferenças no ambiente.
Especialistas dizem que um dos problemas está na baixa exposição do organismo aos elementos que vão treiná-lo para ser mais eficiente.