BC mantém Selic no mesmo patamar, mas novos aumentos podem ocorrer

Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros no mesmo patamar pela primeira vez desde março de 2021.



A taxa básica de juros (Selic) foi mantida no mesmo patamar pela primeira vez desde março de 2021, possivelmente encerrando o maior ciclo de alta dos últimos 23 anos. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de não alterar o nível de 13,75% foi anunciada na última quarta-feira, 22.

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Apesar da expectativa de muitos analistas, o Banco Central não confirmou que esse realmente é o fim do aperto monetário. Pelo contrário: a autoridade afirmou que pode promover novos reajustes caso a inflação volte a subir.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), um dos principais indicadores da inflação, registrou queda nos últimos dois meses. O movimento foi puxado pelos cortes nos preços dos combustíveis.

A previsão, no entanto, é de ela volte a subir.

“No curto prazo, entre quatro e seis meses, o risco é de que a Selic tenha que ser ainda mais alta devido às pressões de serviços e núcleos de inflação ainda intensas, atividade robusta do mercado de trabalho, incertezas em torno da postura fiscal, inflação global e políticas monetárias globais”, afirma Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do banco Goldman Sachs.

Já os cortes da taxa devem demorar ainda mais, com previsão de início para o final do segundo trimestre ou até terceiro trimestre de 2023.

Novos aumentos

O principal fator que indica que o BC pode voltar a aumentar os juros é que a decisão de manter a taxa no patamar atual não foi unânime. Fernanda Magalhães Rumenos Guardado e Renato Dias de Brito Gomes votaram a favor do acréscimo residual de 0,25%.

Os dois votos contrários vem justamente dos dirigentes de assuntos internacionais e de licenciamento, que estão de olho no impacto dos problemas externos no Brasil.

Também na quarta-feira, o banco central dos Estados Unidos voltou a elevar sua taxa de juros, em 0,75 ponto percentual. A decisão tende a impactar o dólar e, consequentemente, a cadeia de produção brasileira e o bolso do consumidor.

“O cenário global permanece adverso e volátil com as contínuas revisões em baixa das perspectivas de crescimento das principais economias. O ambiente inflacionário está sob pressão, enquanto o processo de normalização da política monetária nas economias avançadas segue em direção a taxas contracionistas”, completa Ramos.




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