A Rainha Elizabeth II morreu nesta quinta-feira, 8, após um reinado de mais de 70 anos. O acontecimento levanta diversas discussões, uma delas relacionada ao futuro da monarquia britânica. É possível que ela possa acabar de vez após o falecimento da monarca? De acordo com especialistas, não existe a possibilidade de interrupção da linha sucessória ao trono, pelo menos não a curto prazo.
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É o que explica Marcus Dezemone, professor de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, o momento agora é de expectativa sobre o formato do novo reinado, que deve mostrar mais uma vez a flexibilidade da Família Real em se adaptar no decorrer da história.
“Eles conseguem se adaptar para sobreviver aos novos tempos e garantir sua continuidade. Isso já ocorreu antes. O próprio nome da dinastia foi mudado na Primeira Guerra Mundial. Era Saxe-Coburgo-Gota e em 1917 passou a se chamar Windsor para não ter a Casa vinculada à Alemanha, que era inimiga [na Primeira Guerra Mundial] – um exemplo claro sobre a capacidade de adaptar”, explicou Dezemone.
O professor também lembrou que houve o rumor de que o príncipe Charles, o próximo na linha de sucessão e que se tornará rei, abriria mão do trono para que seu filho, o príncipe William, ocupasse o posto em seu lugar para dar espaço a uma monarquia mais moderna ao Reino Unido e países sob sua jurisdição. O fato é que isso não vai acontecer.
Fim da monarquia com Elizabeth 2ª?
Segundo uma pesquisa feita pelo instituto YouGov, que foi noticiada pelo jornal inglês Daily Star, cerca de 40% dos britânicos acreditam que o príncipe William deveria ser o herdeiro direto da Coroa.
Já outros 14% dos entrevistados acreditam que a monarquia deveria acabar após a morte de Elizabeth II. Apesar dos dados, nenhuma das opções é cogitada pela coroa britânica.
O historiador Rafael Mattoso acredita que Família Real britânica permanecerá inabalada, ao continuar sendo a mais tradicional e de grande força no mundo. Ela demonstrou inclusive sua resiliência após os eventos de contestação do seu poderio, como a Revolução Gloriosa, que que impôs o fim da Monarquia Absolutista e a implementação do Parlamento.
“Ela foi a primeira a sofrer protestos e mesmo assim sobreviveu, manteve os princípios hereditários e vitalícios. Ela não é apenas reconhecida como um direito tradicional, ela é garantida pelo parlamento inglês e mesmo com a posse de uma nova ministra [Liz Truss] é improvável pensar em mudanças. Existe uma linha sucessória muito clara e eles acabam tendo apoio da população da Inglaterra”, declarou o historiador.
Muito já se comentou a respeito do fim da monarquia britânica. Em 2016, a pesquisadora inglesa, doutora Anna Whitelock, que escreveu três livros sobre rainhas do Reino Unido, afirmou que a Família Real deveria terminar até 2030. Um dos motivos estaria nos gastos para manter essa forma de governo. Para se ter uma ideia, as despesas com a coroa chegaram a R$ 654 milhões apenas no ano passado.