Após o anúncio feito pelo Grupo Americanas sobre um rombo contábil de R$ 20 bilhões, as ações da empresa na bolsa de valores brasileiras, B3, apresentaram uma queda de 77% em seu valor. Por outro lado, não é isso que preocupa o consumidor brasileiro. Como ficam as suas compras, entregas e pagamentos a serem realizados?
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Além da brusca queda do seu valor de mercado, o comunicado da Americanas resultou também em uma notificação do Procon de São Paulo à empresa. O órgão questiona a varejista acerca dos possíveis impactos que essa falha possa causar aos consumidores finais.
Desse modo, a Americanas deverá informar até onde as as pessoas serão afetadas e se as reclamações feitas nos últimos 90 dias tem relação com as inconsistências relatadas.
O Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), afirma que “todos os compromissos assumidos com a venda de produtos (como entrega, qualidade, integridade e pagamento) devem ser respeitados. Assim como todos os direitos que os consumidores possuem no pós-venda, como direito de arrependimento em casos de compra a distância, devolução de produtos com defeito, trocas e garantias assumidas”.
Ainda é seguro comprar na Americanas?
Mesmo com as incertezas sobre o futuro da empresa, ela continua sendo uma das maiores varejistas no país, com preços atrativos para os cidadãos. Ainda assim, parte da população segue em dúvidas sobre ser ou não seguro continuar fazendo compras ali. De acordo com o ex-presidente da empresa, Sérgio Rial, apesar da crise gerada pelo rombo, as Americanas “segue vendendo e é absolutamente viável, mas vai precisar receber um aporte de recursos”.
Na mesma linha de raciocínio de Rial, a advogada Renata Abalém, diretora jurídica do IDC e membro da Comissão de Direito do Consumidor da OAB/SP, ainda é precipitado falar sobre as consequências para o consumidor, visto que a crise está sendo gerada pelo mercado.
“É uma crise contábil, com investidores e auditorias, e ainda não afeta clientes”, afirmou a Abalém.
Em contrapartida, Gleibe Pretti, professor de direito do consumidor na faculdade Estácio, não elimina a chance de o consumidor ter que arcar com os seus prejuízos: “É uma situação delicada, mas não inédita. Um tempo atrás, aconteceu algo parecido com a Mesbla e, depois, com a Ricardo Eletro. Essas empresas não pagaram fornecedores, e os clientes acabaram não recebendo os produtos que compraram”.