O Banco Central anunciou na última quinta-feira, 26, que cometeu um erro de cálculo no mercado de câmbio contratado. O valor acumulado entre outubro de 2021 e dezembro de 2022 foi de R$ 14,5 bilhões, mas pouco impacta as transações de câmbio e a confiança da instituição.
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Entretanto, especialistas avaliam que eles podem provocar prejuízos caso persistam. “É sempre ruim porque adiciona incerteza sobre uma variável que o mercado acompanha, tendo efeitos negativos sobre o mercado de câmbio”, afirma João Mauricio Rosal, economista-chefe da Guide Investimentos.
“Se esse tipo de erro persistir, a volatilidade do mercado tende a aumentar”, completa.
Falha nos códigos
Em coletiva de imprensa, o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que a falha ocorreu em alguns códigos do mercado de câmbio que entraram em vigor em outubro de 2021, após resolução da autarquia. “Por uma falha de compilação desses novos códigos, um deles não foi incluído”, disse.
Após as correções, o valor total em importações passou de 215,4 bilhões de dólares para 217,2 bilhões de dólares no último trimestre de 2021. Todos os meses de 2022 foram impactados, o que elevou as importações de 238,1 bilhões de dólares para 250,9 bilhões de dólares no período. Com isso, o déficit cambial alcançou de 3,2 bilhões no ano passado.
“O balanço comercial teve no ano passado superávit, enquanto o fechamento cambial teve déficit. Isso significa que quem estava exportando não quis trazer o dólar com medo da desvalorização do real”, detalha Simão Davi Silber, professor de economia da USP e pesquisador da FIPE.
“As eleições, os precatórios do Guedes e do Bolsonaro deixaram os exportadores com medo de trazer os dólares para o Brasil e perder dinheiro, e efetivamente o real trocou de patamar. Já o importador faz o raciocínio contrário, ele tem de pagar em dólar então quanto mais cedo fizesse isso, mais barato ele pagava”, acrescenta.
Impacto
Segundo Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, o erro não é muito importante no quesito avaliação de mercado. Ele afirma que a única consequência é “a percepção de que o fluxo não foi positivo como na primeira informação”.
“Mas o saldo negativo de 3 bilhões não é tão significativo porque o erro foi no fluxo comercial e não mexe com o fluxo financeiro, o que poderia sugerir um menor interesse de investidores em ativos brasileiros”, finaliza.
