Se você pensa que apenas brasileiros desconhecidos caem em golpes e perdem dinheiro, saiba que você está muito enganado. Um dos atletas mais famosos do mundo foi vítima das más intenções de terceiros e perdeu US$ 12,7 milhões (cerca de R$ 64,5 milhões) em aplicações feitas em uma empresa de investimentos.
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Este caso aconteceu com Usain Bolt, mas tal prejuízo só veio à público na última semana. Os valores estavam investidos na empresa jamaicana Stocks and Securities LTD (SSL), que atua com ações, títulos e valores mobiliários. Na conta que foi aberta em 2012, sobraram apenas US$ 12 mil de US$ 12,7 milhões.
Vítima descobre fraude somente 10 anos depois
O velocista afirmou a Reuters que a conta era para servir de pensão para si mesmo e seus pais, visto o rendimento que a aplicação deveria gerar. Infelizmente, o golpe só foi descoberto em outubro de 2022, dez anos depois.
Ao jornal Jamaica Observer, Bolt afirmou que não está falido, mas apontou que as perdas definitivamente trouxeram prejuízos para ele e para a sua família, visto que o investimento seria utilizado para seu futuro e de seus pais.
Até o momento, já se sabe que Bolt foi apenas um dos diversos clientes fraudados por uma ex-funcionária da empresa de investimentos. Estima-se que cerca de 30 pessoas foram prejudicados. Entre eles, idosos e órgãos governamentais, como o Fundo Nacional da Saúde e o Fundo Nacional de Habitação da Jamaica.
Assim, o valor total do prejuízo causado pela SSL é de US$ 3 bilhões, o equivalente a R$ 15 bilhões. A empresa informou que tem apenas um milhão em seguros para os investimentos que administrava. Com isso, o FBI aceitou o pedido do governo da Jamaica para investigar o crime.
Como se deu o golpe?
Em 7 de janeiro, a suspeita confessou a fraude. Ela se chama Jean-Ann Panton e é gerente de relacionamento com o cliente da SSL. De acordo com a Nationwide News, milhões de dólares foram retirados das contas das pessoas durante vários anos. Panton entregou uma lista de vítimas às autoridades, contudo o nome de Bolt não estava listado, o que fez a antiga gerente informar que não tinha sequer conhecimento de que o atleta era cliente.
De acordo com a própria acusada, o golpe começou em 2010, quando o seu pai foi diagnosticado com câncer. Ela precisou arcar com os custos do tratamento. “Ele teve que ir para o exterior para tratamento e não estava empregado na época. Foi nesse momento que pensei em pegar emprestado dinheiro de contas de clientes para cobrir as despesas de meu pai”, afirmou Jean-Ann em depoimento.
Isso poderia acontecer no Brasil?
De acordo com Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, isso é impossível de acontecer em solo brasileiro. Os gestores no Brasil não conseguem entrar na conta do cliente e transferir o dinheiro para as suas contas.
Como faltam detalhes sobre como a ex-funcionária da SSL agiu para fazer os desvios, é difícil afirmar se a mesma situação poderia ocorrer no Brasil ou não. “Temos órgãos reguladores que são muito respeitados pelo mercado, mas, mesmo assim, acontecem fraudes contábeis, como essa possível fraude recente das Americanas”, explicou Jorge.