Nos últimos dias, três bancos dos Estados Unidos anunciaram que iam encerrar suas operações. Por ser uma potência mundial, o ocorrido pode influenciar em outros países, inclusive no Brasil. Nesse sentido, especialistas apontam de que forma isso pode acelerar ou impedir a queda de juros em nosso país.
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Cenário
A quebra dos bancos americanos Silicon Valley, Silvergate e Signature já era esperada pelo mercado, justamente por conta da taxa de juros norte-americana. Diante deste cenário, a expectativa é que o Banco Central dos Estados Unidos repense o seu posicionamento na economia. Por fim, espera-se que o mesmo movimento de avaliação também ocorra no Brasil.
Agora, o Banco Central Americano (FED), deve atuar para garantir os depósitos dos clientes que eram dos bancos que decretaram falência e, por fim, rever o posicionamento sobre elevar as taxas de juros.
“O banco central americano subindo menos a taxa de juros, ou desacelerando esse processo de normalização monetária da economia americana, implica, para o Brasil, um espaço maior para que o Banco Central brasileiro possa iniciar, ou antecipar, o processo de corte de juros e fazer isso até de uma maneira mais acelerada”, explicou André Roncaglia, professor de Economia.
Ainda diante deste cenário, a expectativa é que o FED aja para diminuir os riscos financeiros. O mesmo deve ocorrer no Brasil, trazendo efeitos que favorecem a retomada de crescimento do país. Em suma, a diminuição dos riscos financeiros pode, inclusive, ampliar a empregabilidade de qualidade, melhorando os índices de atividades econômicas que estão em um momento de desaceleração.
Outras visões
A partir da análise do mesmo cenário, outros especialistas têm posicionamentos distintos. É o caso de Willian Baghdassarian, igualmente professor de Economia. Para ele, fatos como a falência de bancos geram dúvidas, por exemplo, a eficácia de políticas de proteção economia pelas autoridade monetárias. Assim, acredita-se que “o Banco Central brasileiro tenha menos incentivo para reduzir a taxa de juros nacional, a depender de como a situação se desenrole”, completou.
Igualmente, para Baghdassarian, a quebra dos bancos também pode ter efeitos na inflação e taxa de câmbio. Na prática, elas podem ser pouco convidativas para países emergentes como o Brasil.
“Toda vez que a gente tem um aumento da incerteza internacional, os mercados emergentes acabam sofrendo, porque os investidores externos puxam recursos desses mercados para cobrir as perdas nos mercados principais, o que faz com que haja uma pressão na taxa de câmbio e, com isso, você acaba tendo também o efeito de inflação sobre as economias”, concluiu.