Um dos principais intuitos da previsão do tempo é alertar a população e aos órgãos governamentais sobre a possibilidade de eventos climáticos. Dessa forma, é possível evitar possíveis tragédias causadas por tempestades e outros eventos, como no caso das 65 mortes causadas pelo deslizamento de terras no litoral norte paulista.
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Os eventos climáticos extremos são aqueles que fogem do padrão de uma determinada região, trazendo consequências para a população local. Desse modo, os eventos podem ser secas prolongadas, chuvas volumosas, ondas de frio ou de calor acentuadas, entre outras.
Assim, as chuvas na Grande São Paulo triplicaram em uma década, de acordo com os dados levantados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Entre a primeira e a segunda década do século (2001-2010 e 2011-2020), os temporais com mais de 100 milímetros passaram de dois para sete dias a cada dez anos. Já em relação as fortes chuvas, com volumes acima de 82 mm, formam de 9 para 16 dias.
Mudança nas características climáticas nas regiões
De acordo com Paulo Artaxo, físico da USP, as mudanças estão ocorrendo principalmente devido aos efeitos diretos do aquecimento global. “Há mais de 20 anos os modelos climáticos têm nos avisado e é exatamente o que está acontecendo agora”, afirma o físico. Assim, o IPCC traçou como limite a alta de 1,5 ºC na temperatura até o fim do século.
No entanto, o aquecimento global já é de 1,1 ºC, tendo 2025 como ano limite para a contenção de emissões de gases estufa para evitar uma catástrofe climática. No Brasil, 2022 foi o ano com a maior alta na emissão de gases estufa em 19 anos, resultado do desmatamento.
Dessa forma, Belém, capital do Pará, é o exemplo vivo de como o desmatamento tem influência sobre o clima. Ao se observar o estado entre 1991-2000 e entre 2011-2020, o número de chuvas acima de 520mm passou de 75 para 110. Além dela, as chuvas mais volumosas, acima de 80mm, também passaram de 15 para 26 dias. Vale ressaltar que o Pará é o estado com o maior nível de desmatamento da Amazônia.
População mais pobre é a maior vítima das mudanças climáticas
Além das alterações nos padrões de chuva em todo o país, outro fator comum também em todo território brasileiro é quem costuma ser atingido por essas mudanças. Assim, quase 4 mil pessoas já morreram devido a deslizamentos de terra no Brasil desde 1988.
Ademais, outro diagnóstico também é feito pelo IPCC: as populações mais pobres são as mais vulneráveis e afetadas pelo aquecimento global. “O desastre sempre tem três componentes: a ameaça (o volume da chuva, por exemplo), a vulnerabilidade da população (o nível de infraestrutura e segurança do local) e a exposição ou perfil do grupo (idosos e crianças, por exemplo)”, afirma José Marengo, coordenador geral de pesquisa e desenvolvimento do Cemaden.