Trocar de carro está mais difícil no Brasil, e não é só pelo preço

Mercado de veículos ainda sente os reflexos da crise iniciada durante a pandemia de Covi-19, e quem paga é o consumidor.



O mercado automotivo ainda sente os efeitos da crise iniciada em 2020, com o surgimento da pandemia de Covid-19. No período, a produção de veículos novos foi atrasada pela falta de insumos, e a venda de seminovos e usados ganhou bastante espaço.

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Alguns modelos de segunda mão ficaram até 24% mais caros, dependendo do seu ano de fabricação. Em meio a esse cenário, muitos motoristas adiaram a troca do carro, mas parece que a situação ficou ainda mais complicada.

Segundo o presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Enilson Espínola Sales de Sousa, o preço dos usados recuou 7% entre o último bimestre de 2022 e o primeiro bimestre de 2023. O problema é que a queda não é proporcional, e os veículos entre zero e três anos de uso continuam caros, enquanto os mais velhos desvalorizaram.

Ele afirma que o motivo é a demora para receber o modelo, atualmente entre 30 e 60 dias. “Isso leva os mais ansiosos a comprarem carros seminovos, o que segura os preços em alta. O preço do carro novo continua subindo, enquanto se mantiver assim, os usados mais novos seguirão valorizados”, diz.

Para quem deseja atualizar o automóvel por um mais recente, a comparação entre o valor de venda de seu veículo e o preço daquele que quer comprar é frustrante.

“Nos últimos anos, os carros mais velhos foram os que mais valorizaram. Então, quem vendia tinha um aporte de dinheiro interessante para aplicar no novo. O cenário é inverso: o mais antigo baixou e o mais novo segue em alta”, analisa Espínola.

Financiamento

Outro desafio para o motorista que deseja um novo veículo é o financiamento. No ano passado, as vendas financiadas corresponderam a 32% do total, um volume bem atípico, segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF).

Já as vendas à vista totalizaram 64%, enquanto os consórcios continuaram equivalendo a 4%. No ano anterior, cerca de 46% dos carros foram financiados, demonstrando uma redução significativa na oferta de crédito.

“Temendo a inadimplência, as instituições financeiras precisaram aumentar os pré-requisitos para conceder um empréstimo, deixando a população sem opção de crédito. Quem quer comprar e não pode financiar, compra à vista, então precisa se adequar a um carro que cabe no bolso”, explicou o presidente da Fenauto.

Possível solução

A dica da Fenauto para o consumidor é buscar boas oportunidades, especialmente neste momento de baixo giro em algumas revendedoras. Para isso, o comprador precisa ser um pouco mais flexível em relação ao ano de fabricação e à quilometragem, além de escolher bem a hora de comprar.

“No fim do mês, as lojas estão mais dispostas a oferecer descontos e aceitar propostas, pois têm metas a bater”, completa Espínola.




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