Uma empresa brasileira com quase 45 anos de história chocou a todos ao ser o foco de um pedido de decretação de falência. A situação Tok&Stok, maior rede de móveis e decoração do Brasil, foi mais uma a escancarar os problemas do setor varejista.
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Após passar pelo fechamento de lojas e até ser o centro de uma ação de despejo, a companhia apareceu em um pedido de falência à Justiça. A empresa, que já operou com 67 lojas em todo Brasil, deve encerrar 2023 com apenas 50 unidades e uma dívida estimada em R$ 600 milhões.
Histórico do problema
Em meados de abril, a consultoria de tecnologia Domus Aurea pediu a falência da varejista à 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. No pedido, ela afirma que a insolvência é comprovada, já que os pagamentos por um contrato fechado em 2019 estão atrasados há três meses.
O acordo em questão tem valor de R$ 34 milhões e envolve o desenvolvimento de um projeto de tecnologia digital para a rede. A Tok&Stok questiona o valor na Justiça e seus advogados chegaram a afirmar que esse tipo de solicitação é comum em casos de atraso de pagamentos.
Mas mesmo antes das dificuldades se tornarem públicas, a empresa começou a fechar lojas e cortar custos, tendo oferecido descontos de até 50% em alguns produtos. Segundo o UOL, oito pontos de vendas serão fechados em breve e mais outros sete até o fim do ano.
Solução à vista?
A Tok&Stok recebeu 10 dias para apresentar sua defesa, prazo no qual poderá pagar a dívida para evitar a decretação da falência. “Também poderá apresentar um pedido de recuperação judicial, observando os requisitos legais”, diz Leonardo Pelati, especialista em insolvência e reestruturação.
Uma das possibilidades em análise é um aporte de R$ 100 milhões pelo Carlyle Group, dono da rede desde 2012. A SPX Capital, responsável pela gestão do fundo no Brasil, não confirmou a operação.
Crise no setor?
O mercado de produtos de decoração cresceu bastante no início da pandemia, quando as empresas do setor aumentaram seus estoques e realizaram novos investimentos. A Tok&Stok, por exemplo, avaliou abrir seu capital na bolsa de valores.
Mas o cenário positivo durou pouco tempo e resultou em estoques cheios e problemas de capital de giro. Além disso, o aumento nas compras pela internet derrubou as vendas nas lojas físicas.
Basicamente, muitas dessas empresas tiveram as vendas aquecidas por uma situação passageira que, após chegar ao fim, deixou o setor em prejuízo. Agora, tudo depende se elas vão ou não se adaptar à nova realidade.