Nesta quinta-feira (25), os olhos do setor automotivo e dos brasileiros estarão voltados para a sede da Fiesp, onde o vice-presidente Geraldo Alckmin irá anunciar um pacote de medidas para facilitar o acesso ao carro zero km no Brasil. Assim, uma das estratégias esperadas é uma nova linha de crédito que compense as taxas de juros.
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Dentre as possibilidades levantadas, está a liberação do uso do FGTS para a compra dos veículos. A medida foi comentada no último mês pela Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, quando o presidente criou uma iniciativa semelhante do Chile.
“Se houvesse uma medida como essa, de parte do FGTS do trabalhador ser utilizado para a renovação da frota, para compra do carro novo, para compra do primeiro carro ou para o programa que o governo entender que seja o adequado, isso teria um efeito muito importante na explosão das vendas e reaquecimento do mercado, na nossa avaliação”, afirmou.
Proposta pode dar certo?
De acordo com Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, a proposta do governo do retorno de carros populares a R$ 50 mil é quase impossível. No entanto, a criação de novas formas de financiamento é necessária para aumentar o acesso aos automóveis pelos brasileiros.
“Considerando toda a legislação que temos hoje, com exigência de mais itens de segurança e menos emissões, é impossível reduzir o preço do carro a R$ 50 mil retirando equipamentos. O que vejo como possível é a redução de 3% no custo do carro, por parte das montadoras, e redução de 3% na carga tributária. Unindo isso à oferta de financiamento com taxas menores, e garantia de crédito para os bancos, tem-se uma estratégia viável”, explica Pagliarini.
Além disso, o especialista explica também que para baratear ou aumentar o financiamento os bancos precisam de uma maior garantia, visto que o índice de inadimplência está alto. Assim, o uso do FGTS seria uma opção para ser utilizado como garantia ou como parte do pagamento, funcionando como um empréstimo consignado.
Uso do FGTS já era cobiçado por outros setores
O FGTS já está na mira de outros setores há anos, principalmente pela construção civil. No entanto, cada área possui uma boa justificativa para que esse fundo seja utilizado. Assim, o setor automotivo afirma que precisa do recurso para manter as fábricas, que emprega milhões de trabalhadores, funcionando.
Em contrapartida, as empresas de varejo afirmam que eletrodomésticos, como geladeira e fogão, são mais importantes do que carros. Para o consultor do mercado automotivo, Ricardo Bacellar, o direcionamento do FGTS para o setor trataria o efeito e não a causa da queda das vendas de veículos. “Mais do que conceder crédito, o governo precisa fazer com que as pessoas voltem a ter dinheiro para comprar carro”, argumenta.
Assim, Bacellar explica que diversos setores estão incomodados com o fato do governo estar se mobilizando para a volta do carro popular, no momento em que há outras prioridades. “Fatias da indústria como a automotiva, que empregam muita gente, devem usar a sua representatividade para discutir como ativar a economia reduzindo a taxa de desemprego e aumentando a renda. Isso resolveria o problema de todos”, completa.